Metropolis 97

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Em Hollywood, os Sindicatos dos Actores e Argumentistas, que representam cerca de 170 mil profissionais, negoceiam condições justas para os seus membros. O cenário de deliberação entre Sindicatos e os Estúdios representados pela MPAA (organização que representa os Estúdios norte-americanos) é impactado por vários factores: a recuperação da pandemia; a entrada em cena de novos players que não têm o entretenimento como o seu core business; a procura de uma partilha mais equitativa de receitas de exibição do streaming; as dores de parto no ajuste a novos modelos de distribuição e tecnologia; as limitações da utilização da Inteligência Artificial. No caso dos argumentistas ainda existe a discussão em torno das limitações da writer´s room (sala de argumentistas) na orgânica de filmes e séries, um espaço que tem sido um embrião de novos talentos na indústria.

A par destes factos existe um acerto existencial entre os Estúdios tradicionais versus os gigantes tecnológicos. Sem o conteúdo criado por actores e argumentistas, os Estúdios tradicionais não têm margem para continuar a apresentar resultados positivos a Wall Street.

Os CEO dos Estúdios tradicionais têm demonstrado o desejo de resolução do impasse. David Zaslav, o CEO da Warner Bros. Discovery afirmou “Estamos no negócio de contar histórias… E não o podemos fazer sem toda a comunidade criativa, a grande comunidade criativa, sem os escritores, realizadores, editores, produtores, actores, toda a equipa que está abaixo da linha?”. Bob Iger, a par do criador Walt Disney Iger é o maior CEO da história da companhia, referiu “Tenho um profundo respeito e apreço por todos aqueles que são vitais para o extraordinário motor criativo que impulsiona esta empresa e a nossa indústria. E espero fervorosamente que encontremos rapidamente soluções para os problemas que nos têm afastado nos últimos meses. Estou pessoalmente empenhado em trabalhar para alcançar este resultado”. Esperamos que as palavras sejam consumadas em decisões que consolidem os desejos dos Sindicatos de Actores e Argumentistas.

Não deixa de ser anacrónico que o impasse ocorra quando existe um grande entusiasmo do público pelas salas de cinema. Algumas cadeias de cinema norte-americanas apresentam excelentes resultados de receitas no segundo trimestre de 2023. E o terceiro trimestre é sinónimo de mais e melhor cinema, com aberturas muito promissoras da saga Missão Impossível, «Barbie» e «Oppenheimer». Até mesmo «Meg 2» e «Tartarugas Ninjas: Caos Mutante» tiveram boas estreias nos EUA. Vamos continuar a ter bons filmes nos cinemas e as perspectivas para este Outono são muito positivas.

JORGE PINTO

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