O realizador Beneth Miller prossegue com os seus filmes onde observa personagens verídicas num contexto muito específico da realidade norte-americana. Após «Capote» e «Moneyball – Jogada de Risco», Miller dedica-se a dramatizar um crime que marcou o mundo da competição do wrestling.

O argumento de E. Max Frye centra-se na relação que se estabeleceu entre John du Pont (Steve Carell), um milionário excêntrico e bizarro, e Mark Shultz, um atleta de luta livre que foi medalhado nas olimpíadas de Los Angeles, em 1984. Após esse sucesso, Shultz entrou em declínio e perdeu fulgor competitivo. John Du Pont decidiu patrocinar a sua preparação para repetir o sucesso nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1998, criando um centro de alto rendimento competitivo numa propriedade sua na Pensilvânia.

A relação entre ambos é de certa forma mediada por Dave Schultz (Mark Ruffalo), o irmão de Mark. Ele também teve sucesso olímpico e é desafiado a trabalhar no centro de alto rendimento, mas rejeita envolver-se no projecto porque não pretende deslocar-se com a família para outro local.

A ausência de Dave é determinante na evolução do relacionamento entre os dois homens: Mark é fisicamente competente mas psicologicamente frágil e permite que du Pont ganhe ascendente, acabando por influenciar da pior forma as opções que toma. O milionário tem uma personalidade sombria e o seu envolvimento como mecenas de alta competição é uma forma de resolver outros problemas pessoais da sua vida.

O drama constrói uma relação de poder e afeto muito atormentada entre estes dois homens, durante um período de 9 anos, adensando as motivações psicológicas que provocaram um homicídio inexplicável e que mancha a história da luta livre.

Steve Carell altera totalmente o seu registo habitual de ator cómico, transfigurando-se fisicamente para representar um homem obscuro, e o desempenho deve valer-lhe uma nomeação para o Oscar de melhor ator.

Beneth Miller volta a retratar personagens complexas e muito interessantes, num filme que é um consistente estudo sobre as utopias do desporto de alta competição, o simbolismo das relações entre homens diferentes, e a afirmação atormentada da masculinidade num contexto competitivo.

Em «Foxcatcher» Beneth Miller, no seu terceiro filme, aprofundou novamente as fragilidades morais e os equívocos que movimentam os protagonistas de um certo sonho americano.

Título original: Foxcatcher Realização: Bennett Miller Elenco: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, Vanessa Redgrave, Sienna Miller Duração: 134 min EUA, 2014

[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº25, Janeiro 2015]

https://www.youtube.com/watch?v=p294aQbxkQE
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