Meg Ryan realizou, co-escreveu e interpretou um romance melancólico desenrolado totalmente no terminal de embarque e com uma voz omnipresente do speaker do aeroporto (Hal Liggett), que nos leva a crer que o destino preparou o cenário e as condições perfeitas para o reencontro do casal. A empatia que Ryan e Duchovny — dois actores venerados pela maioria dos espectadores — são os principais responsáveis pela magia deste filme.
Willa (Meg Ryan) e Bill (David Duchovny) tentam esconder-se um do outro, mas são forçados ao reencontro que dá início a uma longa viagem pela memória. Eles eram um casal feliz nos tempos universitários e separaram-se pelas razões erradas. O diálogo passa da conversa de circunstância para temas significativos e fraturantes. Eles nunca explicaram o porquê da sua separação e chegam à conclusão que o erro que cometeram condicionou as suas vidas. Mas a redenção pode estar a um passo num amor mútuo que nunca desvaneceu. Willa continua um espírito livre e anda sempre distraída; Meg Ryan transfigura-se na sua personagem, passando a imagem do peso do tempo e da memória. É uma pena que não vejamos mais Meg Ryan no grande ecrã… Esta é a sua segunda realização após «Ithaca» (2015). David Duchovny faz este tipo de desempenhos melodramáticos com um pé atrás das costas. Temos 24 horas de introspecção com alguns momentos de humor com o charme de duas grandes estrelas.
A obra tem uma dedicatória especial à maravilhosa Nora Ephron (1941-2012), a aclamada argumentista e realizadora de alguns maiores sucessos da carreira de Meg Ryan («Um Amor Inevitável» [«When Harry Met Sally…»], «Sintonia de Amor» [«Sleepless in Seattle»], «Você Tem Uma Mensagem» [«You’ve Got Mail»]).
Título original: What Happens Later Realização: Meg Ryan Elenco: Meg Ryan, David Duchovny, Hal Liggett Duração: 103 min. EUA, 2023