Aprovado em Cannes não só pelo seu humor maroto quanto pela atuação de Benicio Del Toro, «O Esquema Fenício» («The Phoenician Scheme») coloca Wes Anderson em posição de destaque na corrida pela Palma de Ouro de 2025 em maio até à consagração do seu legado em outras latitudes de França, neste caso, em Paris. Um ano depois de ter conquistado um Óscar pelo curta «A Incrível História de Henry Sugar» (hoje na Netflix), o texano de 55 anos ganha uma exposição da sua arte na Cinémathèque Française, em Paris, que está aberta ao público até 27 de julho. Entre os itens que compõem a galeria de criações do diretor estão os bonecos e as instalações usadas por ele nas animações «O Fantástico Sr. Raposo» [foto] (2009) e a «Ilha dos Cães», pelo qual recebeu o Urso de Prata de Melhor Direção na Berlinale 2018.

“Cada um dos filmes de Wes Anderson mergulha o espetador num universo diferente, com os seus próprios códigos, motivos e referências, e com os seus cenários e figurinos sumptuosos, identificáveis à primeira vista”, diz o site da cinemateca parisiense. “Do encanto melancólico de « Os Tenenbaums – Uma Comédia Genial» [‘Os Excêntricos Tenenbaums”, título no Brasil] às aventuras adolescentes de «Moonrise Kingdom» [foto], passando pelas suas inovadoras técnicas de stop-motion, a exposição oferece uma oportunidade de se descobrir como a visão única de Anderson e a sua atenção ao pormenor criaram alguns dos filmes mais atraentes do ponto de vista visual e emocional dos últimos tempos”.

Consolidado como um talento da cena indie com «Rushmore» (1998), onde estabeleceu Bill Murray num posto de inspiração e de colaborador perpétuo, Wes é cineasta que desenha a sua identidade na forma, um pouco como Tim Burton fez – ainda que sem galgar a trilha gótica do realizador de «Batman» (1989). Quem passar pela capital francesa poderá entender melhor a mente de Wes a partir de uma seleção de adereços, figurinos originais e documentos relacionados a bastidores de produção. A partir deles é possível compreender (e apreciar) mais a paleta de cores que ele usa. Em novembro, o mesmo material vai para o Museu do Design, de Londres, alimentando uma revisão crítica da sua filmografia, que ultrapassou a fronteira dos blockbusters com «Grand Hotel Budapeste» [foto], que custou US$ 25 milhões e faturou US$ 174 milhões.

Nos últimos dois anos, Wes ganhou mais espaço no streaming, sobretudo por curtas de tons filosóficos e por comerciais de grifes pomposas.
Em «O Esquema Fenício», uma guerra em âmbito empresarial inflama a relação entre um pai e a sua filha numa estrutura narrativa de espionagem.
O Festival de Cannes segue até o dia 24 de maio. Até o momento, três dos 22 concorrentes se destacam:
«Sirât», de Oliver Laxe; «O Agente Secreto», de Kleber Mendonça Filho; «Nouvelle Vague», de Richard Linklater. Nas mostras paralelas, «A Misteriosa Mirada do Flamingo», do Chile, transformou-se “A” sensação local na seção Un Certain Regard.

