O volume 2 de Napoleão é um tomo pejado de referências cronológicas. Os autores tornaram a narrativa numa lógica de dois prismas: a intriga política e o conflito militar.

A história inicia-se com o regresso de Napoleão da bem-sucedida campanha no Egito. A França está assolada e Bonaparte entrou no domínio de lenda por aclamação popular quando regressa da campanha militar.  O povo deposita em si as suas esperanças de salvar a República que sofre pelas ações do Diretório, órgão que dirige os destinos da nação. A França é ameaçada pelos seus inimigos externos (as monarquias europeias não acham grande piada a revoluções que enviam monarcas para a guilhotina), é um país arruinado e que pugna pela restauração da monarquia. O “roubo” foi promovido a sistema um pouco por todo o país.

A primeira parte do livro envolve a luta pelo poder até Napoleão Bonaparte se tornar imperador. A segunda parte apresenta de forma detalhada as campanhas militares pela Europa fora, especialmente a sua contenda com a Inglaterra, o Império Russo e o Império da Áustria. As incursões francesas em Portugal (com a derrota de Junot pelas forças inglesas) é apenas alvo de relato, foca-se mais na violenta instabilidade em Espanha que ficaria imortalizada nas pinturas de Goya.

Um dos aspetos que penso que poderia ser ainda mais reforçado foi a capacidade de Bonaparte ter efetuado reformas transformadoras (que perduram até hoje) que quebraram os moldes da monarquia feudal e lançaram a França para a modernidade. Parece inacreditável e prova do seu génio, entre outras inovações, a implementação do Banco de França, as prefeituras [divisões administrativas do país], o código civil, o abandono do calendário republicano, a criação dos números das ruas de Paris a partir do Sena e a criação do Louvre. 

A arte de “Napoleão Volume 2” ficou a cargo do desenho de Fabrizio Fiorentino (assistido por Alessio Cammardello) e a cor de Alessia Nocera. É novamente um trabalho muito vistoso com um maior número de cenários e acontecimentos a serem retratados em número superior do que o primeiro tomo. O guião pertenceu a Noel Simsolo com a colaboração do historiador Jean Tulard. Este historiador troca por miúdos um manancial de documentos históricos para nos oferecer um acessível e instrutivo dossier de contextualização de Napoleão no término deste volume. Jean Tulard foca, neste dossier, o período da República e o Grande Império, as conquistas e os revezes na Europa e o making of deste livro.

O volume 2 de “Napoleão” é a confirmação do espírito desta maravilhosa série “Eles Fizeram História”, da Gradiva BD. Continua a existir um casamento perfeito nestes livros que transformam a História em emoção através da banda desenhada com uma componente didática.

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