Com uma nova época de caça prestes a começar, um urso domesticado é novamente colocado na floresta depois de ser “desviado” dos bons caminhos por um veado desvairado chamado Elliot.

[Texto publicado originalmente no site Cinema2000, 01 de Novembro 2006]

Num ano marcado pela proliferação em massa das longas-metragens de animação, e com animais, eis que chega a vez da Columbia Pictures lançar o seu “trunfo”: «Boog & Elliot Vão à Caça», título original de «Open Season». A premissa não surpreende: a opção passa por criar um filme inteiramente dedicado a crianças, que é o seu público-alvo, à semelhança do último sucesso em terras lusas «Balbúrdia na Quinta». Os personagens são Boog, um imponente urso (mas extremamente sentimental), e Elliot, um veado extraviado da sua comunidade. A acção desenrola-se na cidade até serem recambiados para a floresta por causarem desacatos. E a moral do filme passa pelo reconhecimento de uma identidade perdida e o reencontrar do habitat natural…

A animação 3-D dos animais está bem conseguida, ao nível de uma Disney ou DreamWorks. Existe uma clara e rápida evolução dos outros estúdios aos padrões dos líderes da animação, mas continua a faltar a originalidade e os argumentos que fazem a diferença. A história deste filme é um déjà vu, aliás a linha principal da narrativa é em tudo idêntica a «Pular a Cerca», que também estreou este ano. Já a animação dos humanos está demasiado mecânica e pouco fluída, e, pecado capital no género, as vozes dos dois protagonistas não são adequadas: Boog está sempre com o mesmo registo de voz (Martin Lawrence), ou seja, sempre numa constante excitação mesmo em momentos que não o justificam, enquanto Elliot (Ashton Kutcher) sofre precisamente do inverso. Quem salva a honra dos animais são os personagens periféricos, como o divertido esquilo (Billy Connolly), o veado e o pato francês.

Embora as crianças possam achar piada a «Boog & Elliot Vão à Caça», o público mais adulto encontrará um deficit de humor e uma história pouco complexa para toda a antecipação em torno da sua estreia.

Título original: Open Season Título (Brasil): O Bicho Vai Pegar Realização: Roger Allers, Jill Culton, Anthony Stacchi Vozes: Martin Lawrence, Ashton Kutcher, Debra Messing, Gary Sinise, Billy Connolly, Jane Krakowski, Jon Favreau Duração: 86 min. Estados Unidos, 2006


Análise DVD
A edição de «Boog & Elliot Vão à Caça» em DVD é uma caixinha de surpresas. O lançamento sem clichés consegue em apenas um disco dar muito que explorar aos espectadores de todas as idades. Tal como os heróis do filme somos impelidos a ir à caça dos extras, tamanha é a oferta dos mesmos.

A edição, para além dos extras, inclui o filme no formato 2.35.1 anamórfico, som 5.1 e legendagem em inglês, espanhol, catalão, italiano e português. Ao introduzir o DVD no leitor podemos optar pela escolha prévia das línguas e temos os menus e sound bites dos personagens na língua seleccionada (português, inglês, catalão). A opção de capítulos está compartimentada num menu, que tem sons exclusivos do Boog e do Elliot, dividindo-se em 28 cenas.

O filme possui comentários áudio dos dois realizadores principais e do co-realizador. Pelas palavras dos mesmos, o filme está melhor do que aparentava ser, é sempre bom ouvir comentários sinceros e cheios de entusiasmo. As perspectivas são dinâmicas, desde como funcionou o processo de casting dos personagens às ideias de última hora, a banda sonora e os truques e momentos favoritos dos comentadores. Tudo muito elucidativo.

A featurrete Behind The Trees (legendagem em italiano e espanhol) tem Jill Cuton (realizadora) a fazer a evolução da história do storyboard até a animação. Os vários sonhos conjugam-se em etapas: do designer ao animador, cartoonista e até às vozes; tudo alinhado resultou num belo filme de animação. São referidos também os diferentes ritmos visuais e de animação dos personagens: Elliot ritmado e Boog mais “câmara lenta”.

O objectivo dos estúdios da Sony foi colocar a ênfase na narrativa. O projecto começou a partir de Strips, um cartoon da vida animal de Steve Moore. O processo de produção funcionou como uma grande sociedade e este behind the scenes leva-nos a conhecer as várias fases de trabalho de mais de 250 pessoas envolvidas no projecto.

O aspecto gráfico do filme é incontornável, do 2D para o 3D. Evelyn Earl (artista gráfico), explica a evolução do papel e caneta para o computador, que se reflecte na maleabilidade dos personagens e permitiu esculpir as poses: seco/molhado; as cores; o pelo (Boog tem 1,6 milhões de pelos, Elliot 3 milhões)… tudo isto animado produz um resultado fantástico. A explicação da sequência Splash Moutain da geometria à física e água resultam numa cena clássica e soberba de animação. O extra termina com as referências aos sons do filme, pertença de Paul Westenberg, que canta sobre a amizade e do salto de maturidade de Boog e Elliot.

Em Voices Behind The Stars aborda-se a escolha das vozes correctas para cada personagem. As filmagens são efectuadas após as vozes estarem inseridas em cada personagem. Isto leva a que as gravações e inspiração para cada interveniente na aventura sejam feitas através de storyboard. Ashton Kutcher e Martin Lawrence falam da experiência de improvisação dos actores e como fazer faces às alterações emocionais do personagem. Outros actores surgem neste extra: Debra Messing, mais goofy; Gary Sinise, em que o seu lado mais divertido produz a imagem de marca do seu personagem (air guitar com a espingarda); Billy Connolly, idiossincrático; Jon Favreau; e a sensualidade de Jane Krakowski. A visão de união é criada na magia da produção e o extra termina de forma engraçada.

Surf´s Up é um teaser, em versão longa sobre a nova produção animada dos Estúdios Sony. O trailer dos pinguins surfistas é algo fantástico e posiciona o filme como um dos eventos deste Verão. Este misto de documentário e humor é minuto e meio que vale a pena ver.

«Midnight Run» é uma curta de animação (não tem título em português) falada em quatro línguas e sem legendas. Trata-se de um momento de gulosice de Boog e Elliot com algum humor. Conta com um total de cinco personagens incluindo os nossos heróis.

Nas actividades podemos escutar algumas falas de quatro personagens do filme em seis línguas diferentes. Primeiro escutamos em inglês e depois efectuamos a nossa escolha (por exemplo em chinês).

Nas galerias de arte, encontramos diferentes perspectivas da arte do filme: ambientes paisagísticos; esboços dos personagens e storyboards com a arte final. As imagens estão todas creditadas com o nome dos artistas gráficos.

Wheel of Fortune – Forest Edition é um jogo apresentado pela voz de Billy Connolly . Possui perguntas e jogos visuais sobre o filme e os seus personagens. Pode ser jogado por um ou dois jogadores.

A opção de visualização da cena da cascata em quatro diferentes processos de animação, ou todos em conjunto, é um extra deslumbrante. Através do botão do ângulo saltamos entre o storyboard, o layout, a animação e o corte final com a iluminação e som. É a desconstrução de uma cena animada.

Em Ringtales visionamos curtas de animação muito engraçadas, cujo traço de esboço tem um humor diabólico que inspirou «Boog & Elliot Vão à Caça». O extra é falado em quatro línguas.

A edição DVD ainda tem três trailers («Surf´s Up», «Zoom» e a «A Casa Fantasma»).

Como vem sendo norma dos lançamentos em DVD, a maioria dos extras não estão legendados em português, o que coloca alguns entraves em algumas das opções aos mais novos. De resto é um DVD valioso que dá um contexto muito positivo a um filme mediano que graças ao cinema em casa supera as mais modestas expectativas. É um lançamento referência de animação DVD em 2007.

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