«O Rei Macaco» da Netflix é baseado no romance clássico “Jornada ao Oeste” [“Journey to the West”], publicado em 1592 e considerado uma das maiores obras da literatura chinesa. A narrativa relata a aventura do Rei Macaco (voz de Jimmy O. Yang) na sua viagem para atingir a imortalidade e entrar no reino dos céus derrotando 100 demónios nesse processo. O macaco vai-se tornando cada vez mais convencido e antipático com o poder a subir-lhe à cabeça. O enredo é uma história de origem e descoberta do sentido da vida de alguém que nunca teve amor e que foi maltratado desde que nasceu. Ele faz-se acompanhar nesta aventura por Lin (voz de Jolie Hoang-Rappaport) e pelo seu Bastão mágico. O Bastão é a arma mais poderosa à face da terra, capaz de se aperceber do coração bom do macaco afeiçoando-se a este inusitado anti-herói. Lin é uma jovem camponesa que se torna companheira nesta jornada alucinante e onde vai ser testada a sua paciência, amizade e lealdade. No encalço destes companheiros está o antigo dono do Bastão, o excêntrico e trapalhão Rei Dragão (voz de Bowen Yang), este deseja consumir o mundo com a sua ambição de poder. Os seus assistentes são um par de incompetentes que são muito divertidos na sua estupidez eterna.
A obra teve o dedo e a inspiração do produtor executivo e experiente Stephen Chow, autor e protagonista dos alucinantes «Kung Fu Zão» [«Kung Fu»] e «O Ás da Bola» [«Shaolin Soccer»]. E sentimos essa conexão na viagem do Rei Macaco e nas sequências de luta e humor havendo algumas homenagens no filme a este grande autor.
Apesar da acção e os personagens serem frenéticos os cenários são suaves, quase como pinturas feitas à mão, trazem à obra uma aura de tranquilidade e harmonia digna do Budismo, uma opção estilística muito acertada e alinhada com as influências da obra. O filme foi realizado por Anthony Stacchi («Open Season»).
Título original: The Monkey King Realização: Anthony Stacchi Elenco (vozes): Jimmy O. Yang, Bowen Yang, Jolie Hoang-Rappaport, Hoon Lee, BD Wong Duração: 97 min. China/Hong-Kong/EUA, 2023
[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº98, Setembro 2023]
https://www.youtube.com/watch?v=-Ao79QJNE-s