Ao contrário do título do filme, «Bohemian Rhapsody» joga sempre pelo seguro, transformando-se num biopic satisfatório mas pouco inventivo. A obra debruça-se na história de um dos grupos mais icónicos e renomados da Música mundial, focando-se, sobretudo, no seu inesquecível vocalista. Falamos dos Queen, grupo composto por Brian May (Gwilym Lee), Roger Taylor (Ben Hardy), John Deacon (Joseph Mazzello) e, claro, Freddie Mercury (Rami Malek), à volta de quem giram todas as atenções. Desde quando se conheceram, na década de 1970, até à sua marcante atuação no Live Aid, em 1985, o biopic mostra-nos por que a Música nunca mais foi a mesma.

É quase um eufemismo dizer que a produção de «Bohemian Rhapsody» foi difícil. Entre idas e vindas, muita coisa mudou desde o plano inicial, em que seria Stephen Frears a realizar a obra e Sacha Baron Cohen a protagonizar. Bryan Singer assumiu o comando, até que foi afastado por motivos pouco explicados, embora seja a ele que é reconhecida a realização da obra. A confusão deixa-se transparecer numa narrativa maioritariamente linear, com um trabalho de realização que apenas em raros momentos consegue notabilizar-se. Há também outra questão com o argumento: embora seja já natural que os biopics assumam alguma liberdade narrativa para se atingir intensidade dramática, o que, efetivamente, acontece em «Bohemian Rhapsody», há motivações e interesses dos retratados que são alterados.

O que se acerta em cheio, contudo, é na fabulosa interpretação dos atores, que conseguem criar entre si uma dinâmica que transparece e que realmente resulta. Mas o grande destaque, como não poderia deixar de ser, vai por completo para a performance merecedora de Óscar de Rami Malek. O ator consegue transpor, de uma forma empolgante, as expressões corporais, a atitude confiante e a poderosa forma como Freddie Mercury atuava, um verdadeiro animal de palco.

E Mercury tinha razão, ele não foi uma estrela de rock, mas uma lenda. O filme acerta na forma como engrandece a figura do artista com uma voz absolutamente inigualável, explorando também a sua faceta como compositor e de como conseguiu moldar aquilo em que viriam a tornar-se os Queen. A abordagem é, contudo, superficial quando se trata de aprofundar a pessoa, não se tratando apenas da questão da homossexualidade (que, na verdade, nunca o definiu), mas de como Mercury conseguiu superar as adversidades e transformar aparentes fraquezas em vitórias, ficando na História.

Como é óbvio, a banda-sonora de «Bohemian Rhapsody» é fabulosa, convidando o espectador a viajar por alguns dos principais sucessos da banda, intemporais e eternos, com destaque à música que dá nome ao filme. E, depois de ver a obra, resta-nos uma questão: “Is this the real life? Is this just fantasy?”.

Título original: Bohemian Rhapsody Realização: Bryan Singer Elenco: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee, Ben Hardy, Aidan Gillen, Tom Hollander, Mike Myers. Duração: 134 min. Reino Unido/EUA, 2018

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