Ewan McGregor é o protagonista de uma das mais recentes apostas do SkyShowtime. Em «Um Gentleman em Moscovo», Alexander Rostov é um conde em ruína no rescaldo da revolução.
A Revolução Russa de 1917 derrubou a monarquia e condenou as classes altas ao exílio ou à morte. No rescaldo deste grupo forte na estrutura da sociedade russa, a nobreza perdeu o seu estatuto e a sua liberdade, sendo perseguida e julgada pelas novas cadeias de poder e autoridade. Apanhado neste ecossistema em mudança, o Conde Alexander Rostov (Ewan McGregor) escapa à execução, mas vê-se fechado no Hotel Metropol.
A nova série do SkyShowtime inspira-se no popular livro de Amor Towles, publicado em 2016. Embora não retrate uma história verídica, oferece uma perspetiva única sobre a história da Rússia, nomeadamente entre as décadas de 1920 e 1950. Entre aventuras no hotel com a pequena Nina (Alexa Goodall), que tem uma chave que abre todas as portas, e um romance intenso com Anna Urbanova (Mary Elizabeth Winstead), Rostov habitua-se a uma realidade onde não é bajulado.
O estatuto humilde, forçado, oferece ao conde uma nova visão sobre o mundo que o rodeia, à medida que vê os seus amigos morrerem ou afastarem-se. Quem se aproxima não é, maioritariamente, da sua classe, pese embora que esta está longe de ter o valor de outras décadas. Também os traumas do passado vão ganhando novos significados, sobretudo no que diz respeito à irmã.
O tribunal soviético pode ter poupado Rostov, mas a sua clausura forçada no Metropol é uma autêntica prisão. Mais confortável do que as normais, é certo, já que se encontra num hotel luxuoso. Os anos vão passando e a história acontece com euforia e imprevisibilidade nas ruas de Moscovo – Rostov contacta com a realidade à distância, ainda que tenha uma certa tendência para se envolver em confusões.
«Um Gentleman em Moscovo» é um drama histórico interessante, estabelecido em grande parte na empatia desenvolvida com o protagonista, que tem o seu lado humano e amigável muito presente. O ar bondoso e ingénuo de Rostov destoará, certamente, do estereótipo da nobreza da época, sendo uma artimanha da ficção para relevar o que a História esconde.
O elenco conta ainda com Johnny Harris, Leah Harvey, John Heffernan, Lyès Salem, Björn Hlynur Haraldsson e Fehinti Balogun, entre outros.
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