Primeira das duas curtas-metragens que Jacques Rozier realizou a partir da rodagem de «O Desprezo» (1963), «Paparazzi» é um estudo de caso sobre algo que então muito afligia Brigitte Bardot: a perseguição voraz dos fotógrafos. Pouco antes, em 1962, esse já fora o tema de um esquecido drama de Louis Malle, «Vida Privada», onde Bardot interpreta uma estrela de cinema constantemente assediada por fãs e paparazzi. Ora, aqui, Rozier capta a realidade do tormento de BB aproveitando o acesso ao ambiente das filmagens de Godard, na Villa Malaparte, para refletir a relação campo/contracampo que envolve “a rapariga mais fotografada do mundo”.
Com uma montagem ágil, um texto lido em off por Michel Piccoli (acompanhado pela música de Antoine Duhamel) e uma atenção deliciosa à camuflagem das câmaras fotográficas apontadas a BB, Rozier criou um excelente ângulo sobre o trabalho obstinado dos paparazzi. Homens que arriscam a vida, subindo rochas e montanhas, movidos pelo sonho de obter um grande plano da mulher-obra-prima.