Page 175 - Revista Metropolis nº122
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No seu todo, «Downton Abbey: The Grand Finale» da narrativa, é sentida de modo pungente e por
funciona bem como um desfecho da saga para os vezes parece impossível preencher o vazio deixado
admiradores da série. Oferece o tipo de conclusão pela sua voz. Ainda assim, a obra proporciona aos
que muitos vão desejar: as reconciliações, o fãs o consolo de um adeus coerente, evocando os
reconhecimento do legado, a passagem da valores da família, da tradição mas também da
“coroa” e a adaptação serena aos novos tempos. mudança inevitável. Se não ousa questionar de
Há cenas emotivas que resultam precisamente forma profunda os abismos políticos, económicos
porque investiram nos personagens ao longo de e sociais que a década de '30 prenunciava, não
muitos anos e esse legado de série pesa a favor: deixa de funcionar como celebração nostálgica
conhecemos a família Crawley, sabemos o que de um tempo passado e de um modo de vida que
perderam e o que temem, o que conquistaram e se extinguia. No fim, o espectador é convidado a
o que amam. No seu conjunto o filme cumpre a despedir-se não apenas de personagens queridas,
função de despedida com dignidade e elegância. mas de toda uma mundivisão envolta em esplendor,
Visualmente deslumbrante, com figurinos e disciplina e delicadeza, cujas fragilidades se
cenários que recriam a atmosfera de um mundo em revelam tanto mais tocantes quanto mais sabemos
declínio, o filme oferece ao espectador momentos que jamais voltarão. Ainda assim, deixa-nos um
de emoção e de reconciliação, encerrando histórias sinal de esperança: como a páginas tantas afirma
que acompanharam os admiradores durante anos. Mary, “Long live Downton Abbey!”
A ausência de Violet, outrora alma irónica e mordaz NUNO VAZ DE MOURA
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