«Cruzamento do Carniceiro» conta com um desempenho febril de Nicolas Cage na pele de um ávido caçador de búfalos em 1874 nas Montanhas Rochosas. O filme de Gabe Polsky não é apenas uma revisitação de mais um western, esta obra tem mais semelhanças ao slow cinema, de Kelly Reichardt, desenrolado no velho Oeste do que a um clássico do género.
«Cruzamento do Carniceiro» é um drama com inúmeras leituras, tem uma cadência lenta e mais cerebral. É baseado no romance homónimo de John Williams e retrata diferentes estados de alma no decurso de uma caçada de búfalos (também denominados como bisontes americanos). A história retrata Will (Fred Hechinger), um jovem que abandona a Universidade de Harvard e atravessa a América até ao Kansas para patrocinar uma caçada de búfalos. É uma viagem de descoberta para Will para se conhecer a si mesmo e ao seu país. Numa jornada pela paisagem entre o Kansas e o Colorado, Will faz-se acompanhar na caçada por Miller (Nicolas Cage) que procura um mar negro de búfalos. Além do retrato de ambição e ganância desmesurada, a obra também tem consciência ecológica. Recordamos que em 1860 existiam 60 milhões de búfalos no Oeste americano e, 20 anos depois, restavam menos de 300 (!)… «Cruzamento do Carniceiro» é um relato de uma história que se repetiu até à exaustão, assente no desejo de enriquecer a todo custo, mesmo que isso levasse à extinção de uma espécie. É certamente uma analogia, mas também um fenómeno recorrente na história da América e do mundo. O filme é um estudo de carácter entre a inocência, o lirismo e a dura realidade dos homens, corrompidos pelos seus desejos.
Título original: Butcher’s Crossing Realização: Gabe Polsky Elenco: Nicolas Cage, Fred Hechinger, Jeremy Bobb Duração: 105 min. EUA, 2022

