A segunda longa-metragem de Jacques Rozier resgata o lado conceptual de «Adieu Philippine», mas desta vez sem os fantasmas da Guerra da Argélia. Em vez disso, é o mundo laboral — essa rotina maldita — a servir de palco bélico, citando, e muito bem, o próprio realizador, «Du côté d’Orouët» é um “filme sobre o trabalho”, e não se limita a rondar o tema: é precisamente nas férias planeadas de três amigas na Riviera, onde aparentemente nada acontece para além do escapismo estival, que o trabalho e as suas políticas surgem como um conflito invisível, em contraponto ao naturalismo da encenação. Setembro, esse mês alternativo ao imperativo (e querido) Agosto, é o trato desta trindade para fintar a lotação balnear e dos preços altos. Não foi só o mês o ato político das protagonistas, a escolha recaída em Orouët, um paraíso ruralizado, com casinos decadentes, casas assombradas por memórias e uma praia deserta como distração operam nesse ativismo de umbigo (e quiçá contra os ditames da sua contemporaneidade). Mais um conto de verão à moda rozieriana.

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