Com um impressionante total de 10 nomeações aos Óscares 2025, incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz (Cynthia Erivo) e Melhor Atriz Secundária (Ariana Grande), «Wicked» (2024) reforçou a sua posição como um dos destaques da temporada de prémios, que se aproxima agora do fim. Todavia, o filme parece ter mais hipóteses nas categorias técnicas. A adaptação cinematográfica do icónico musical da Broadway (estreado em 2003) conquistou a crítica e o público, garantindo um lugar no top 3 dos filmes mais nomeados, ao lado de «Emilia Pérez» (2024), 13 nomeações, e «O Brutalista» (2024), 10.

O musical «Wicked» (2024) conta a história de Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande), que começam de lados opostos na Universidade de Shiz, mas acabam por formar uma amizade improvável. A obra começa, aliás, com uma pergunta feita a Glinda após a morte da “Bruxa Má do Oeste”: Glinda, é verdade que ela era tua amiga? O mote dá início à trama, onde vamos perceber como Elphaba se tornou vilã, enquanto Glinda é vista como uma heroína. A prequela, à imagem do musical que a precede, dá uma nova profundidade a «O Feiticeiro de Oz» (1939).
A essência de Wicked, sobretudo da sua génese nos palcos ao grande ecrã, reside no seu impacto emocional, em números musicais grandiosos e no vínculo complexo entre as personagens de Elphaba e Glinda.
Elphaba é uma figura marginal desde o nascimento, destacada dos demais pela sua pele verde, que a torna alvo de estranheza e discriminação na sociedade de Oz. Enfrenta rejeição também dentro da própria família, onde é tratada com indiferença, em contraste com a sua irmã Nessarose (Marissa Bode), vista como a filha preferida. E que precisa de todo o cuidado e atenção devido às limitações provocadas pelo facto de se mover de cadeira de rodas. Na Universidade de Shiz, onde nem era suposto entrar, a inteligência e personalidade de Elphaba fazem dela uma figura estranha, o que leva a que os seus colegas a evitem ou ridicularizem. Além disso, a sua diferença não é apenas física, mas também ideológica, já desenvolve uma consciência crítica sobre a sociedade em que vive e, progressivamente, identifica a opressão que existe.
Na sétima arte, a produção teve a liberdade de explorar um mundo mais imersivo e extensível, ultrapassando as limitações físicas de um palco e a natureza imediata do espetáculo ao vivo. Falando de cenários, como a Universidade de Shiz ou a Cidade Esmeralda, há também uma maior escala e nível de detalhe, capaz de transportar o público para uma versão visualmente rica e mais complexa de Oz. A divisão da história em dois filmes oferece uma maior liberdade criativa, permitindo uma exploração mais profunda tanto do espaço como das dinâmicas entre as personagens, que se tornam mais profundas e desenvolvidas.
«Wicked» (2024) consegue transpor para o cinema a grandiosidade e a emoção do musical, alargando o mundo de Oz sem perder a essência. Com interpretações bem conseguidas, na generalidade, de Cynthia Erivo e Ariana Grande, visuais impressionantes e uma banda sonora icónica, o filme equilibra nostalgia e inovação, mirando tanto fãs antigos como uma nova geração de espectadores. No fim, a narrativa assume-se, mais uma vez, como uma poderosa reflexão sobre aceitação, amizade e o impacto das escolhas que fazemos, provando que há sempre mais do que uma versão da mesma história.
OSCARS 2025
VENCEDOR Oscar de Melhor Direção Artística
VENCEDOR Oscar de Melhor Guarda-Roupa