Depois da curta “Blue Jeans”, 1958, rodada na indolência estival das praias da Côte D’Azur, Jacques Rozier saltou para o formato longo com “Adieu Philippine”, 1960-1962, onde continuou a sua singular visão sobre uma geração que em França, e não só, se debatia com o despertar da sexualidade, com as incertezas da passagem para a idade adulta e, sobretudo, com os negros ecos da Guerra da Argélia. Desta vez, regressando ao doce encanto da juventude e das suas convulsões pessoais e sociais, o cineasta incidiu a atenção no percurso de um rapaz que, após encontrar duas raparigas, decide rumar com as ditas de Paris para a Córsega e para umas férias que seriam as últimas antes da sua incorporação no serviço militar. Neste filme há uma fulgurante simbiose entre cinéma-vérité e nouvelle vague, que perdura na memória para além do inebriante e amargo adeus final no cais de embarque para um conflito canalha que decorria do outro lado do Mediterrâneo. Mas há igualmente uma sensação de liberdade e um imenso prazer de filmar, uma verdade e um sopro de vida que invade o corpo e a alma das personagens. Sem dúvida, um dos filmes da minha vida.
