Afinal de contas, que é feito das personagens que conhecemos dos subúrbios de «E.T.» (1982)? Onde estão aquelas famílias que, apesar das suas muitas convulsões, parecem preservar ainda o espírito tradicional da sua união e dos respectivos valores?… Este filme de Arie Posin é um pouco uma resposta a tais questões. Subitamente, compreendemos, que o viver idílico dos subúrbios se transfigurou numa teia de famílias em que os conflitos estão profundamente alterados, a ponto de se poder dizer que todos — pais e filhos — andam à procura do seu lugar perdido.

Recuperando a lógica coral de uma algum cinema melodramático de raiz clássica (Minnelli poderá ser evocado como referência tutelar), este é um bom exemplo do modo como algum cinema americano contemporâneo não desiste de observar, paciente e metodicamente, o próprio tecido social de onde emana. Ponto essencial num registo deste género: a homogeneidade e consistência do elenco. Em todo o caso, fica um destaque para a espantosa Glenn Close, compondo uma mãe que, face à morte do filho — e através da morte do filho — acaba por descobrir o vazio do seu próprio espaço familiar.

[Crítica originalmente publicada a 8 de Junho de 2006 no site Cinema2000]

Título original: The Chumscrubber Realização: Arie Posin Intérpretes: Jamie Bell, Camilla Belle, Justin Chatwin, Lou Taylor Pucci, Glenn Close, Ralph Fiennes, Allison Janney, William Fitchner, Rita Wilson, Carrie-Anne Moss, John Heard, Josh Janowicz, Rory Culkin, Thomas Curtis Alemanha/Estados Unidos, 2005


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