«Mr. Robot» foi a estreia mais “cool” do Verão 2015, foi criada por Sam Esmail, escreveu e realizou a longa-metragem «Cometa» (2014). A série toca em todos os pontos sensíveis que fazem mexer as audiências mais inconformadas perante o mundo contemporâneo e estabelece criteriosamente um elo de empatia com o nosso anti-herói. A noção do dinheiro e do poder na sombra, a corrupção, as agendas secretas de corporações de âmbito global, a aridez intelectual e o hedonismo gritante são pontos chave desta história. Na sua essência este thriller dramático é fixado na realidade económica e tecnológica do século XXI seguindo um personagem dissidente da sociedade no seu conflito interno. Elliot Alderson (Rami Malek) trabalha numa firma de cyber segurança de dia e de noite transforma-se num hacker que coloca à vista do mundo o lado negro da face humana. A sua cruzada solitária toma um novo rumo quando conhece o anarquista Mr. Robot (um prazer ver Christian Slater de volta à ribalta). Este torna-se o mentor de Elliot Alderson e confere uma missão para o seu inconformismo onde a anarquia e o perigo se esbatem perante as linhas morais da sociedade.

O promissor Rami Malek dá-nos uma impressionante interpretação, no seu diálogo interior e exterior, com uma narração interna a la «Taxi Driver», Travis Brikle é sem dúvida uma inspiração para o isolamento e o carácter justiceiro deste personagem. Um voice-over bem esmiuçado que cria uma dimensão com o espectador. É um personagem que para as mentes mais distraídas poderá ser rotulado como um lunático, com as suas falhas comportamentais e o seu isolamento social, que encontra no online o pior das pessoas, é a sua forma de interação com o mundo.

A série já foi renovada para a segunda temporada, uma renovação que ocorreu antes mesmo da sua estreia. Sam Esmail originalmente concebeu o projecto para ser uma longa-metragem, o seu guião de noventa páginas transformou-se numa série. O objectivo era ter quatro ou cinco temporadas de 10 episódios cada, há um final projectado, o autor não deseja desviar dessa conclusão. A inspiração da série partiu da Primavera árabe, Sam Esmail é de origem egípcia e após os eventos no Egipto que levaram à deposição de Hosni Mubarak, o autor verificou que o acto se baseou no uso da tecnologia, os jovens inconformados com a sociedade souberam utilizá-la face às gerações mais velhas que estavam estabelecidas no poder. Uma acção, que na altura, provocou a mudança.

O piloto foi realizado por Niels Arden Oplev, o realizador da aclamada mini-série sueca «Millennium», o episódio é um excelente arranque com muita emotividade e paranoia à mistura a realização sublinha o mistério e as teorias de conspiração como também a ansiedade do protagonista face à sociedade. Alguns grupos de hackers deram a sua bênção ao espírito de «Mr.Robot»!

[Texto originalmente publicado na Metropolis nº30 Agosto 2015]

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