Longa-metragem de estreia de Jacques Demy, porventura uma das mais belas obras debutantes do cinema francês da década de 60, «Lola» é um filme indissociável do esboço de sensualidade da sua intérprete, Anouk Aimée (não por acaso, foi o mais lembrado aquando da sua morte, no último ano). O título, que evoca a personagem feminina, juntamente com o eyeliner, o corpete, os acessórios de cabaret e a música de Michel Legrand, leva-nos para a “arquitetura” a preto e branco da verve musical, poética e encantatória que viria a definir muito bem o lugar de Demy na paisagem dessa cinematografia. Foi uma expressa homenagem do cineasta a Max Ophüls, mas também a sua forma de encontrar uma respiração livre dentro das linhas clássicas do passado. Quem é Lola? Não tanto uma dançarina de cabaret e mãe solteira quanto um sonho de cinema. Da mesma maneira que resumir este filme na imagem do reencontro de dois apaixonados implica não dizer nada sobre o “desenho” da cidade portuária – Nantes – onde ele acontece.
ESPECIAL REALIZADO POR JACQUES DEMY
12 de julho a 2 de agosto | 22h TVCine Edition