Uma auto-paródia em que um grupo de actores da mesma geração interpreta versões exageradas de si próprios num filme sobre o apocalipse era uma promessa com potencial para dar em comédia de culto.
Ora somemos os ingredientes: James Franco, Seth Rogen, Jay Baruchel e mais uma mão cheia de amigos da mesma troupe são personagens homónimas mas mais egocêntricas e tresloucadas do que os seus correspondentes reais (serão mesmo?). Encontram-se para uma festa de deboche em casa do solteirão milionário e nomeado ao Óscar James Franco. Na festa, há convidados como Rihanna, Michael Cera, Emma Watson ou Jason Segel. Mas, de repente, Los Angeles é engolida por explosões, incêndios, buracos gigantes e demónios e a festa é interrompida pela iminência do apocalipse. Ninguém duvida que aqui temos um ponto de partida com sumo para ser das melhores comédias dos últimos tempos. Mas não é bem assim.
Ninguém nega que ver Rihanna ser sugada para uma cratera gigante é um momento memorável, nem que Michael Cera a morrer espetado num poste de electricidade ou Emma Watson a brandir um machado são coisas maravilhosas para colocar num filme.
Só que o que «Isto é o Fim» tem de tresloucado também tem de descontrolado. Com cenas divertidíssimas avulsas, demonstra também o desperdício de uma história apocalíptica pouco credível e demasiado absorvida por diálogos de um grupo de dudes meio geeks que imaginamos os atores reais a terem quando se juntam para beber uma cerveja mas que pouco farão rir o público.
E depois há Danny McBride, que dificilmente consegue fazer um filme sem irritar o espectador e que aqui nos entretém com uma enorme reflexão sobre masturbação.
«Isto é o Fim» vale pelo conceito e pela soma de cenas bem esgalhadas que, apesar das falhas do filme, conseguem compensar. E fiquem até ao fim, a cena final é tão disparatada quanto divertida. Inês Gens Mendes
Título original: This Is The End Realização: Evan Goldberg, Seth Rogen Elenco: James Franco, Jay Baruchel, Seth Rogen, Jonah Hill, Paul Rudd, Emma Watson Duração: 107 min EUA, 2013
[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº14, Novembro 2013]
https://www.youtube.com/watch?v=kliQSsD_npo