Este regresso a Oz está a chegar a olhos muito diferentes: primeiro, e para a grande maioria, aos olhos de quem tem um lugar no coração para a Oz em Technicolor de Victor Fleming que se tornou clássico do cinema em 1939; depois, para os que leram os livros de L. Frank Baum que marcaram várias gerações; e por fim, vai certamente ser algo novo para quem nunca ouviu falar nessa terra encantada, nem em espantalhos e leões nem em homens de lata e muito menos em Dorothy e nos seus lendários sapatos vermelhos. E nisto reside a maior força e o maior problema de «Oz – O Grande e Poderoso».

Se há quem, já à partida, esteja mais do que conquistado, há quem, sem o contexto do passado, não só não vá entender de onde vem aquele mundo de cidades feitas de esmeralda, bruxas verdes e feiticeiros charlatões, como vá achar tudo aquilo doce demais para os tempos que correm.

O filme é uma prequela para a história do livro «O Maravilhoso Feiticeiro de Oz»- não para o filme, já que a Disney não tem direitos para usar o que quer que seja exclusivamente desse universo. Sim, sente-se a falta dos sapatos de rubi.
Aqui conta-se a aventura de como o Feiticeiro (James Franco) passou de um ilusionista mal sucedido a todo-poderoso mestre da Cidade Esmeralda quando foi parar a Oz. No mundo de fantasia atormentado por uma vilã com poderes mágicos, ele encontra as bruxas Theodora (Mila Kunis) e Evanora (Rachel Weisz) e Glinda (Michelle Williams) e torna-se na única esperança para a salvação daquela terra.

Visualmente espantoso, como seria absolutamente impossível em 1939 – vai do preto e branco e 4:3 às cores surpreendentes e ao widescreen com um 3D de chorar por mais – o maior esplendor de «Oz – O Grande e Poderoso» está na magnífica estética do mundo que cria.

Depois, estas bruxas do novo milénio estão à altura de papéis emblemáticos e não se deixam amedrontar pelo peso que as suas personagens têm na história do cinema.

Mas a fita falha no seu protagonista. O Oz de James Franco não é assim tão grande e poderoso, é só minimamente competente e pouco deslumbrante. O papel foi oferecido a outros (supostamente a Johnny Depp e a Robert Downey Jr.) mas Franco acabou por ser a solução final, provavelmente de recurso.

Para além disso, este mundo com bolas de sabão, macacos voadores e meninas de louça corre o risco de apenas ser acolhido de braços abertos pelos românticos saudosistas de outros tempos menos cínicos. Mas com tudo pesado, ainda vale a pena voltar a passar pelo tornado e caminhar pela estrada de tijolos amarelos até à Cidade Esmeralda. Inês Gens Mendes

Título Original: Oz: The Great and Powerful Realização: Sam Raimi Elenco: James Franco, Mila Kunis, Michelle Williams, Rachel Weisz Duração: 130 min. EUA, 2013

[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº7, Março 2013]

https://www.youtube.com/watch?v=5NdeuYgRoTI
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