Após a história original conquistar o Óscar de Melhor Filme de Animação em 2016, a sequela «Divertida Mente 2» (2024) pode repetir o feito já este domingo, 2. No entanto, a concorrência é forte, e muitos acreditam que a estatueta poderá ir para «Robot Selvagem» (2024) ou «Flow – À Deriva» (2024), ainda que não haja um vencedor anunciado.

«Divertida Mente 2» (2024) explora novamente os meandros da mente de Riley (voz de Kensington Tallman na versão original), agora uma adolescente de 13 anos, com os desafios emocionais que essa nova fase representa. Além das já conhecidas Alegria (Amy Poehler), Tristeza (Phyllis Smith), Raiva (Lewis Black), Medo (Tony Hale) e Nojinho (Liza Lapira), a puberdade traz emoções inéditas como Ansiedade (Maya Hawke), Inveja (Ayo Edebiri), Tédio (Adèle Exarchopoulos) e Vergonha (Paul Walter Hauser), criando uma dinâmica nova e a necessidade de adaptação. A chegada da Ansiedade, em particular, reflete de maneira intensa e autêntica os sentimentos turbulentos da adolescência, o que leva a que seja um elemento central da narrativa e uma impulsionadora da ação.
Se no filme original acompanhávamos a descoberta das emoções próprias da infância, a continuação da história aprofunda o conceito e introduz novas emoções, que refletem os desafios de uma etapa mais complexa. Além disso, como mencionado, «Divertida Mente 2» (2024) amplia a construção do mundo interior de Riley, mostrando como a mente evolui e se reorganiza com o crescimento e transição da infância para a adolescência. Essa expansão narrativa enriquece a personagem e reforça a mensagem sobre o amadurecimento emocional, tornando a visualização familiar e impactante para o público.
De forma autêntica, tornando mais “real”, pela animação, todo o processo de crescimento emocional, o filme retrata os desafios associados à idade de Riley, capturando a complexidade e a intensidade das suas sensações. As mudanças internas, que acompanham o crescimento da protagonista, mostram como sentimentos antes desconhecidos podem entrar em conflito com o nosso aparente equilíbrio interior. Longe de ser um encontro pacífico, a chegada de novas emoções transforma a mente de Riley num verdadeiro palco de guerra, onde a Ansiedade assume o comando, procurando controlar todos os momentos perante a incerteza do futuro. A instabilidade da relação da personagem principal com as suas melhores amigas é um dos principais motores do seu stress e dá, assim, espaço para a Ansiedade crescer.
Por sua vez, não podemos também ignorar o impacto das expectativas sociais, das pressões escolares e a procura por aceitação, por integrar o grupo dos “fixes”. Balanceando o humor e a sensibilidade, «Divertida Mente 2» (2024) traduz narrativamente as turbulências da adolescência, oferecendo um retrato envolvente e empático, com o qual certamente muitos se vão identificar. A fazer o seu caminho no mundo do desporto escolar, Riley vê como o seu passatempo favorito se torna um caso sério e, à boleia de storylines paralelas, domina todos os seus pensamentos… Até ser insuportável.
A trama aborda, de forma sensível e profunda, temas como o crescimento, a identidade e a saúde mental. Enquanto Riley amadurece, a sua mente passa por uma turbulenta reorganização, e testemunhamos visualmente como as emoções evoluem e interagem. A introdução de novas emoções demonstra como a construção da identidade pode ser um processo confuso e, por vezes, avassalador.