Catherine Hardwicke chegou ao cinema com um estrondo em 2003 com a sua auspiciosa estreia «Treze – Inocência Perdida» com Evan Rachel Wood. A realizadora norte-americana sempre foi bafejada de bons actores com o talento para encontrar nomes que deram cartas nas últimas décadas, além de Rachel Wood, foram os casos de «Os Reis de Dogtown», com Heath Ledger e Emile Hirsch, o mega sucesso de «Crepúsculo» com Kristen Stewart e Robert Pattinson, numa obra que tinha mais nuances afetivas do que o próprio livro e seguiu-se «A Rapariga do Capuz Vermelho» com Amanda Seyfried.

A realizadora passou os anos seguintes entre a televisão e três longas-metragens. Vinte anos depois, em 2023, parece regressar às suas origens mais indie com um drama familiar desenrolado em Las Vegas e bem interpretado por três actores. O veterano e excepcional Brian Cox, com uma carreira de 60 anos entre o teatro, a televisão e o cinema, foi redescoberto e elevado a ator de culto – já não era sem tempo – através da série da HBO «Succession». Em «Prisoner’s Daughter», relembra ao mundo todo o seu arsenal interpretativo no papel de Max, um recluso que tem poucos meses para viver. Na prisão, reabilitou-se a si e a inúmeros reclusos, libertando-se do demónio da bebida, e o director da prisão propõe colocá-lo em prisão domiciliar. Max pode viver com a sua filha até o final dos seus dias caso ela o aceite. Kate Beckinsale está fisicamente irreconhecível, mas arranca um grande desempenho só com o seu talento dramático. É uma actriz que ficou demasiado colada aos desempenhos de cinema de acção entre a pancadaria e o ser sexy. No papel de Maxine, ela interpreta uma mãe financeiramente carenciada que trabalha entre empregos de salário mínimo para pagar as contas e sustentar o filho. O seu ex-companheiro é um traste, um toxicodependente que só arranja problemas e de quem ela quer distância. Maxine aceita receber o pai na sua casa e inicia-se um processo de redenção e retificação do passado através das acções que Max realiza junto do neto e da filha. O filme constrói lentamente uma sólida relação familiar num cenário que está sempre próximo dos desafios da vida, sejam os problemas de bullying que o miúdo sofre na escola por ter ataques epiléticos, a procura de emprego de Maxine num mercado precário e a ameaça do ex-companheiro que é um desvairado e egoísta. É uma história que relembra que é sempre possível não só a redenção, mas a reabilitação do ser humano de alguém que era mau como as cobras e ganha um coração, torna-se altruísta e faz o derradeiro sacrifício.  

Título original: Prisoner’s Daughter Realização: Catherine Hardwicke Elenco: Brian Cox, Kate Beckinsale, Christopher Convery, Tyson Ritter, Ernie Hudson Duração: 100 min. EUA, 2022

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