Chega aos grandes ecrãs uma nova adaptação do universo criado por Tolkien, pela equipa responsável pelas trilogias O Senhor dos Anéis e de O Hobbit, desta vez com Kenji Kamiyama na realização do primeiro animé da saga.

A Guerra dos Rohirrim decorre 200 anos antes da jornada de Frodo, apresentando uma disputa entre o lendário rei Helm Hammerhand de Rohan e Wulf de Dunland. Wulf procura vingança pela morte do pai às mãos de Helm e consegue que este recue até à fortaleza impenetrável de Helm’s Deep – conhecida de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres.

Se considerarmos que a equipa deste filme foi tão vocal em repreender a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder por não respeitar o legado de Tolkien, é de surpreender que acabe por fazer o mesmo que acusou a Prime Video. Tolkien narrou esta guerra em The House of Eorl que, segundo os produtores, serviu de material base para este filme. Porém, O Senhor dos Anéis – A Guerra dos Rohirrim apresenta grandes liberdades criativas em relação à escrita de Tolkien. Entre as várias diferenças,  destaca-se o papel de Héra, a filha de Helm Hammerhand, ou os cameos de Orcs cujo único propósito é referenciar Mordor e os anéis sem trazer nada para a narrativa, a não ser um gancho no trailer para capturar os fãs.   

Quanto a Héra (assim batizada por Fran Walsh)…  esta é referida por Tolkien, mas não possui nenhum papel relevante nos textos do conflito. Sendo uma adaptação, pode-se invocar liberdade criativa para  preencher os vazios com novos elementos, incluindo a presença de Héra. De qulaquer forma trata-se de uma personagem interessante e bem escrita, que estaria melhor entregue a um filme próprio e numa aventura independente, em vez de estar sob o estandarte de O Senhor dos Anéis.

Quanto a animação em si, apesar de apresentado como uma produção de Warner Bros. Animation, New Line Cinema e Sola Entertainment, um pouco de paciência permite ver nos créditos finais todos os estúdios japoneses contratados para concretizar diferentes aspectos da animação, incluindo estúdios lendários como o Studio4ºC. O resultado é uma manta de retalhos que poderia funcionar sob a batuta de Kenji Kamiyama, com aspetos de verdadeira beleza como o trabalho de cenários ou o desenho de personagens do artista STATO, mas que sucumbe a ocasionais incoerências na animação e de erros de continuidade após a empolgante meia hora hora de filme.

A Guerra dos Rohirrim resulta numa história de gerações. A mais antiga para quem tudo se resolve pela força, onde as diferenças de opinião são discutidas com os punhos e qualquer conflito é atacado de frente, sem grande estratégia. A nova geração, dividida entre quem dá continuação à mentalidade da geração anterior (Wulf de Dunland), e outra observadora do seu redor, com outros valores e cuja prioridade é a presevação da vida (Héra e Fréaláf).

Acima de tudo, cabe a si, que está a ler estas palavras, decidir ver o filme e formar a sua própria opinião. Como qualquer outro filme, merece uma oportunidade.

Título original: The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim Realização: Kenji Kamiyama Elenco (Vozes): Brian Cox, Gaia Wise, Miranda Otto, Luca Pasqualino Duração: min. EUA/Nova Zelândia/Japão, 2024

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