Após a sua estreia mundial no festival de cinema de Toronto, «Borat: Aprender Cultura da América para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão» foi alvo de todas as atenções dos media, desde a imprensa de cinema até às redações de política internacional. Este personagem fictício (Borat), que é bastante credível para aqueles que não conhecem o génio cómico de Sasha Baron Cohen. O autor/actor que interpreta um popular repórter do Cazaquistão, algo que tem causado mal-estar nos meios políticos desta ex-república da União Soviética. O embaraço advém do ridículo das situações criadas por este personagem de um Cazaquistão feito a sua medida.

Foi através do seu programa na televisão britânica («The Ali G Show») que Cohen estreou o personagem. O repórter ficcional desenvolvia reportagens divertidas, baseadas no paradoxo de costumes, criando autênticos gags humorísticos que não necessitavam de guião. Na sua estreia cinematográfica, «Borat» utiliza a mesma técnica, mas com diferentes intervenientes, tomando de assalto os Estados Unidos. Neste percurso costa a costa, continua a assistir-se ao confronto entre o ficcional (o repórter) e o real (os entrevistados): o repórter exibe os pseudo-costumes do Cazaquistão (desprezo pelas mulheres, medo dos ciganos, anti-semitismo) face ao cidadão americano. O resultado é surpreendente: encontra-se no filme posições dos americanos que são em tudo similares às de Borat, o que é curioso e, é claro, hilariante. À excepção de Borat, os aldeões e o seu produtor, os outros participantes (os americanos) foram “apanhados”: as intervenções das pessoas reais que aparecem pensando estar a participar num documentário revelam aspectos da sua verdadeira personalidade.


O filme não utiliza nenhuma fórmula revolucionária de fazer humor. A técnica de colocar pessoas reais face a situações inesperadas sempre provocou o riso no espectador. Aliás, Cohen usou-a em «Ali G», que foi uma desilusão porque o personagem não se conseguiu impor fora do quadro televisivo. A passagem dos gags televisivos para uma longa-metragem funcionou, pois o realizador e o autor conseguiram, através da abordagem da criação de um documentário sobre os costumes do povo americano e a colagem de um “vídeo jornal” do repórter Borat, garantiram a credibilidade necessária para fazer o filme funcionar dentro e fora do ecrã para muitos espectadores.

A genialidade de «Borat: Aprender Cultura da América para Fazer Benefício Glorioso à Nação do Cazaquistão» passa pelo argumento, mas também pela forma como Sasha Baron Cohen o construiu com escassos recursos. O objectivo está ganho: para o espectador as gargalhadas proliferam com fartura e compensam o ingresso no mundo louco de Borat.

[Texto publicado originalmente no site Cinema2000, 30 de Novembro 2006]

Título original: Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan Realização: Larry Charles Elenco: Sacha Baron Cohen, Ken Davitian, Pamela Anderson Duração: 84 min. Estados Unidos, 2006


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