[Texto publicado originalmente no site Cinema2000, a 21 de Setembro 2006, com o título “Rir a Todo o Gás”]

Will Ferrell regressou à sua melhor forma neste divertido filme. Podemos pensar que é demasiado excêntrico, e é mesmo, mas há que reconhecer uma boa comédia sem os problemas deste género, que para além da escassez de ideias, é levar o humor demasiadamente a sério. Algo que não acontece em «As Corridas de Ricky Bobby», que apresenta apenas uma sequência em todo o filme com um diálogo mais dramático, sendo os restantes minutos inteiramente preenchidos com generosas gargalhadas. Goza com o próprio filme e com o seu género, algo que as comédias dos anos 1970 faziam com mestria («Aeroplano»«Top Secret»).

A Nascar era um dos desportos mais populares nos Estados Unidos, representativo de uma cultura, neste caso a cultura sulista: conservadora, republicana, profundamente religiosa. A equipa de argumentistas Ferrel e Adam McKay (que assina a realização) desenvolveram a história de um icon ficcional deste desporto: Ricky Bobby. Através do seu desempenho, Ferrell transforma Ricky num personagem hilariante e cria uma forte empatia com o espectador. Este reflecte os tiques de um campeão sulista: a crença no menino Jesus, a introdução dos Sponsors no seu discurso (mesmo que este seja uma oração), uma esposa ignorante e os seus filhos malcriados…

John C. Reilly interpreta Cal, e tem uma performance ao melhor nível, formando com Ferrell uma dupla vencedora em todas as frentes, mas a introdução de Sascha Baron Cohen é a cereja em cima do bolo. O comediante britânico interpreta Jean Girard, um presunçoso francês, campeão de Fórmula 1 com um sotaque que goza com todos os outros sotaques franceses do cinema americano, e que deseja ser melhor do que Ricky. O facto de vestir os melhores fatos, ser homossexual e conduzir um carro patrocinado pela Perrier (água), num desporto vincadamente machista, só melhora os traços humorísticos do antagonista de Ricky.

O drama da vida de Ricky reside no facto de ter provado a todos que era o melhor excepto ao próprio pai que, num momento de embriaguez, lhe deu o mote para a vida: correr e ser sempre o primeiro. O over-acting na performance dos personagens é um aspecto bem trabalhado no filme e uma forma inteligente de brincar com o excesso de dramatismo: exemplo disso é o excerto de Michael Clarke Duncan na sequência do hospital.

«As Corridas Loucas de Ricky Bobby» utiliza todos os clichés deste tipo de filmes. Existem trocadilhos, inside jokes e loucos product placements. As sequências dentro ou fora do cockpit são hilariantes e o filme está sempre a tocar a red line, com uma realização competente. Enquanto não chega o mais forte concorrente a nível de comédia de 2006, «Borat» com Sascha Baron Cohen, «Ricky Bobby» tem a pole position.

Título original: Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby Realização: Adam McKay Elenco: Will Ferrell, John C. Reilly, Sacha Baron Cohen, Gary Cole, Michael Clarke Duncan, Leslie Bibb, Amy Adams Duração: 108 min. Estados Unidos, 2006

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