“O que acontece na Tailândia, fica na Tailândia”. É este o mote da terceira temporada de «The White Lotus», da Max, que volta para umas férias paradisíacas e de mindfulness, que sofrem um twist que tem tanto de trágico como de hilariante.
Uma proposta de meditação, alguns instantes de silêncio… e tiros. A série «The White Lotus» começa a toda a velocidade, para anunciar ao que vem, mas rapidamente viaja atrás no tempo para contextualizar a narrativa e colocar em “pausa” a nossa curiosidade. A premissa é simples, mas reveladora: quem viaja para a Tailândia faz isso por um de dois motivos, fugir de alguém ou encontrar alguém. E depressa percebemos que o núcleo central está determinado a cumprir a ambição que os levou para aquelas férias paradisíacas.
A verdade é que, para a generalidade das personagens, as férias são a última das suas preocupações. Belinda Lindsey (Natasha Rothwell) é o elo de ligação em «The White Lotus», regressando após integrar o elenco da primeira temporada. Mas há muito “sangue fresco”: a família de Timothy (Jason Isaacs) e Victoria (Parker Posey), que se arrisca a perder a vida de luxo que tem; Jaclyn (Michelle Monaghan), Laurie (Carrie Coon) e Kate (Leslie Bibb), um trio de amigas que pode ter mais a separá-las do que expectável; o determinado Rick (Walton Goggins), cujo objetivo é uma incógnita; e a dona do espaço, interpretada por Patravadi Mejudhon, que tem tanto de cativante como misteriosa.

Mantendo a fórmula de sucesso das temporadas anteriores, a série da Max continua a explorar as dinâmicas de poder e privilégio, bem como os conflitos culturais e sociais que podem emergir, com tendência a cair no exagero, dentro do ambiente luxuoso de um resort de topo. Na T3, «The White Lotus» aborda temas como o lado espiritual, a religião e a mortalidade, em linha com o modus operandi do destino. O argumento mantém o tom satírico e irónico, expondo o comportamento muitas vezes ridículo ou insensível dos hóspedes ricos.
Com uma crítica aguçada, atuações de alto nível e um visual bem executado, a série continua a provar que ainda tem muito a oferecer. Embora o ritmo possa não agradar a todos, os fãs das histórias de Mike White vão encontrar aqui mais um retrato fascinante das elites em crise, passando pela noção de privilégio e choque cultural. Se as primeiras temporadas expunham a hipocrisia dos ricos através do absurdo e do humor negro, esta nova incursão adiciona um peso mais filosófico à sátira.
Leia a entrevista com Mike White na edição 115 da Revista Metropolis