«A Máscara» podia muito bem ser um filme de terror. Aliás, de forma subliminar até é. Na sua essência, é mais um fiel e digno herdeiro do legado de «O Médico e o Monstro». Mas, sob a direcção do mestre sueco Ingmar Bergman, seria redutor caracterizá-lo como tal e cingi-lo a um género — ou, neste caso a um sub-género como o de terror psicológico. Vê-lo como é visto tradicionalmente, como um drama psicológico, talvez seja mais apropriado e mais em linha com a sua complexidade, ambiguidade e profundo simbolismo. Bergman não oferece respostas fáceis aos enigmas psicológicos e filosóficos que alimentam a história e respectivas personagens. E para contar essa história e dar vida a essas personagens recorre a um leque de técnicas, da narrativa à realização, passando pela fotografia, que ainda mais ampliam o desafio que é interpretar esta obra-prima.