Apresentando nos dias de hoje como uma das catapultas para o dito “cinema-ópera”, esta adaptação da partitura de Mozart é um registo algo conflituoso e ao mesmo tempo harmónico de um cineasta vergado à dimensão operática. «A Flauta Mágica» inicia com uma plateia diversificada, multiculturalmente representada, até se focar no olhar inocentado e expressivo de uma criança, a partir daí, a ótica deste espectador dilui com o olhar dos espectadores que contemplam o filme. Perante si um conto de fadas musicado, com dragões, tiranos, instrumentos de feitiços amenos e de damas, quase musas, que perfilham os destinos dos nossos heróis. Depois, existe o intervalo, “intermission” à boa maneira hollywoodesca, com os atores, elenco praticamente desconhecido das lides cinematográficas, a serem eles mesmos atores numa espera incógnita. O espectáculo recomeça, encontra-se Mozart na memória e no legado, Bergman, o cénico e a câmara, prestando atitude legítima para o feito. Com grandiosidade.

  [Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº109, Agosto 2024

ARTIGOS RELACIONADOS
O OLHO DO DIABO

Há um certo preconceito que se colou a Ingmar Bergman definindo-o tão-só como o cineasta do drama, dos enigmas e Ler +

FANNY E ALEXANDRE

A maior produção do cinema sueco até à data do seu lançamento – 1982 –, que não por acaso venceu Ler +

CIDADE PORTUÁRIA

«Cidade Portuária» teve honras de abertura do ciclo Ingmar Bergman promovido pela Leopardo Filmes em Portugal no Verão de 2024. Ler +

UMA LIÇÃO DE AMOR

O mestre absoluto da gravitas tenta agora explorar a levitas. Nesta comédia “que poderia ter sido uma tragédia”, como nos Ler +

MORANGOS SILVESTRES

Realizador de «Ironia da Sorte» («O Palhaço», em Portugal), de 1924, o sueco Victor Sjöström (1879-1960) construiu uma carreira memorável Ler +

Please enable JavaScript in your browser to complete this form.

Vais receber informação sobre
futuros passatempos.