A maior produção do cinema sueco até à data do seu lançamento – 1982 –, que não por acaso venceu quatro Óscares, «Fanny e Alexandre» chegou a ser anunciado como o derradeiro filme de Bergman, contendo as marcas autobiográficas que muitas vezes definem os trabalhos de despedida. A infância, o teatro, o puritanismo religioso da figura paterna e, enfim, toda a tragédia encerrada nos laços familiares fazem deste absolutamente magnífico drama de época a grande viagem da vida, “entre um medo desmesurado e uma alegria sem limites”, como escreveu o cineasta no livro de memórias «Lanterna Mágica». Aqui, o início do século XX para duas crianças na Suécia faz-se de uma magia (desde logo contida no brinquedo cinematógrafo) paredes meias com a austeridade. De resto, apetece dizer que nenhum outro filme retratou tão bem a vivacidade doméstica de uma ceia de Natal…
