Um curioso exercício de «ficção política». Ou seja: um drama de bastidores gerado pela súbita possibilidade de o Presidente dos EUA (Jeff Bridges) poder nomear, pela primeira vez na história do seu país, uma mulher (Joan Allen) para o cargo de vicepresidente.
Produzido, e também protagonizado, por Gary Oldman (no papel de presidente da comissão que conduz o inquérito de avaliação da candidata), «O Jogo do Poder» faz uma espécie de extrapolação matemática daquela hipotética situação. O resultado poderá definir-se como uma variação perversa sobre Washington “pós-Monica Lewinsky”. Que é como quem diz: uma vertigem política e mediática onde, mesmo (ou sobretudo) de modo ambivalente, se discute o poder simbólico das mulheres num espaço de relações tradicionalmente dominado pelos homens.
Há dois ou três magníficos “tours de force” (por exemplo, a sequência em que a candidata é confrontada com as memórias de um episódio da sua vida sexual, ao mesmo tempo que ganhámos consciência das muitas imagens de televisores dentro da própria sala em que decorre o interrogatório). E há, sobretudo, um brilhante leque de actores: Joan Allen, recorde-se, foi nomeada para o Oscar e Jeff Bridges tem, finalmente, um papel à altura do seu (imenso) talento.
Realizador: Rod Lurie Intérpretes: Gary Oldman, Joan Allen, Jeff Bridges, Christian Slater, William L. Petersen, Saul Rubinek, Philip Baker Hall, Sam Elliott EUA, 2000
[Crítica originalmente publicada no site Cinema2000 a 27 de Abril de 2001]