«The Evening Hour» possui um ritmo genuíno, nuances e complexidade na paisagem e na natureza humana. A obra é baseada no romance homónimo de Carter Sickels, publicado em 2012. O livro foi adaptado pela estreante Elizabeth Palmore e realizado por Braden King. É uma obra coesa, com desígnios mais performativos no concílio entre a história e a imagem. É um simpático slow burner com uma mão cheia de bons actores. O filme é desenrolado nas belíssimas montanhas nos Apalaches, um local perdido na América profunda e cheio de outsiders, uma cidade que vai sendo corroída devido à velhice, à pobreza e à erosão paisagística provocada pela indústria mineira. Cole Freeman (Philip Ettinger) é o anti-herói desta história, um personagem ambíguo que optou por não trabalhar nas minas e dedica-se a cuidar dos idosos. A contrapartida deste trabalho de beneficência é o tráfico paralelo de comprimidos que os idosos lhe dão permitindo amealhar dinheiro com a venda e a crise de opiáceos na cidade. A vida pacata e compartimentalizada de Cole começa a descambar com a morte do avô, a chegada da sua mãe ausente (Lili Taylor) e o regresso do melhor amigo (Cosmo Jarvis) que deseja produzir e traficar metanfetaminas colocando Cole e os seus amigos em rota de colisão com Everett (Marc Menchaca), o principal traficante da cidade. A obra estreou no Festival de Cinema de Sundance em 2021, possuindo o espírito e o sentimento do cinema independente.
Título original: The Evening Hour Realização: Braden King Elenco: Lili Taylor, Cosmo Jarvis, Kerry Bishé, Marc Menchaca, Stacy Martin Duração: 114 min. EUA, 2020
[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº97, Verão 2023]
https://www.youtube.com/watch?v=yeE4N-s9Tfk