Uma das estreias de julho, da Apple TV+, combina um forte drama pessoal com a incógnita que é a tecnologia, nomeadamente ao nível da robotização. Rashida Jones assume o papel principal.
«Sunny» tenta evidenciar em poucos minutos as duas linhas que comandam a sua narrativa: a ameaça que pode representar um robô descontrolado e o desaparecimento de dezenas de pessoas na sequência da queda de um avião. Ambos os fios narrativos vão integrar Suzie (Rashida Jones), que desconhece o paradeiro do marido Masa (Hidetoshi Nishijima) e do filho. Embora tudo pareça indicar que morreram no trágico acidente, a ausência de corpos e provas concretas vai deixando a protagonista no limbo.
A situação fica ainda mais confusa quando um homem surge com um robô doméstico, indicando que é uma das obras de Masa. O choque é grande para Suzie, já que acreditava que o marido trabalhava com frigoríficos e o enigma fica ainda mais complexo quando, em busca de mais pistas, ouve críticas à postura do marido – inesperadas. No entanto, as respostas que encontra são poucas ou nenhumas.
Por outro lado, o robô doméstico Sunny não conquista logo Suzie, que o tenta afastar o máximo possível. Isolada no Japão, sem amigos e com uma relação fria com a sogra, a mulher reage de forma apática ao que se vai sucedendo, até que encontra motivos para viver na possível resolução do mistério em torno de Masa. Para tal, conta com a ajuda improvável de Mixxy (Annie the Clumsy) e do mundo underground em torno dos robôs; serão tão inofensivos como parecem?
A série é da responsabilidade de Katie Robbins, que esteve envolvida na escrita de «O Último Magnata» e «The Affair». Com um argumento simples e direto, cria um suspense interessante, cujos intervenientes vão sendo desvendados, embora os segredos demorem a ser revelados. Ao mesmo tempo, desenvolve uma “amizade” curiosa e improvável entre Suzie e Sunny, a sua última ligação ao marido.
[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº108, Julho 2024]