Será que um dos assuntos centrais das discussões e avaliações de «Missão Impossível – O Ajuste de Contas Final» será o facto de Tom Cruise ser o protagonista das suas cenas de acção? Ou seja, o actor que também é “stunt”? Enfim, é verdade que os riscos que ele aceita correr enquanto “star” de uma franchise de grande sucesso (há quase 30 anos!…) mobilizam a nossa atenção, surpresa e admiração. Ao mesmo tempo, não é menos verdade que tal visão pode fazer-nos passar um pouco ao lado do facto de Missão Impossível continuar a ser um genuíno fresco real & surreal — a meio caminho entre a fábula existencial e a narrativa apocalíptica — sobre este mundo de infinitos circuitos de comunicação, seus enigmas, perigos e fantasmas. Dito de outro modo: Cruise e o seu camarada cineasta, Christopher McQuarrie, continuam a acreditar que o cinema é mesmo maior que a vida. O que, além do mais, não simplifiquemos a questão, exige um ecrã um pouco maior que o quadradinho infantil do nosso smartphone. Assim aconteceu no Grande Auditório Lumière, a poucos metros do silêncio protector das águas do Mediterrâneo — e, já agora, para que conste, nós estávamos lá.
