Cannes passou esta quinta com orgulho de Locarno, um dos maiores festivais do mundo, um seu contemporâneo em idade (chega às 78 edições em agosto), pelo anúncio do cambojano  Rithy Panh como presidente do seu júri em 2025.

Foi a Croisette quem lançou os holofotes sobre a longa mais recente do realizador: o thriller «Encontro com Pol Pot» [título no Brasil, «Encontro com o Ditador»] («Rendez-vous Avec Pol Pot»).

“Eu não faço do cinema um catálogo em movimento de brutalidades, mas não ignoro as dores que me doem, as do berço, vindas do Camboja, e as de França onde procurei pouso e voz”.

Inspirada no livro “When the War Was Over: Cambodia and the Khmer Rouge Revolution”, de Elizabeth Becker, «Encontro com Pol Pot» foi um dos títulos mais comentados das mostras paralelas de Cannes em 2024. Em 2013, Rithy passou pelo Palais des Festivals com a sua obra-prima, «A Imagem Que Falta» [foto], vencedor do Prix Un Certain Regard.

“Quando jovem, cheguei a Paris sem saber o que fazer da narrativa fílmica e encontrei respostas na obra de Alain Resnais e Souleymane Cissé”, disse Rithy à METROPOLIS.

O seu, «Encontro com Pol Pot» [foto] acompanha o empenho de um grupo de jornalistas franceses para conduzir uma entrevista exclusiva com o líder Pol Pot (1925-1998). Tudo parece tranquilo, mas o regime político dele está em declínio e a guerra contra o Vietnam ameaça o país de uma invasão. Procurando culpados, o governo comete secretamente um genocídio e a bela imagem nacional é destruída perante os olhos da equipa de repórteres que revela o horror.

“O Mal e a Esperança se combinam no discurso da política populista, que mascara o totalitarismo”, explicou Panh em entrevista à METROPOLIS.

Na ocasião, ele concorria ao Urso de Ouro com «Tudo Vai Dar Certo», que lhe rendeu a láurea de Melhor Contribuição Artística do Festival do Berlim, sendo exibido em solo nacional no É Tudo Verdade, a maior maratona documental das Américas. Trata-se de um ensaio com uma porção fabular, na qual animais escravizaram os seres humanos e conquistaram o mundo. A partir dessa premissa fantástica, Panh perseguia a sua trilha de diretor autor habituado a falar de uma das suas marcas autorais: o apagamento da memória.

Cannes termina no dia 24 de maio.

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