Machete Mata

MACHETE MATA

MACHETE MATA

Aviso prévio: Se chegou aqui por acaso e acha que este filme com o título aliterativo pode ser um filme de arte e ensaio, desengane-se desde já. Na verdade este é um filme de ensaio, mas ensaio de porrada!!!!

Aquilo que começou como uma piada – um trailer no díptico «Grindhouse», dirigido em parceria com Quentin Tarantino, evoluiu rapidamente para uma série de fitas á boa maneira dos ‘clássicos’ de série B dos anos 60/70. Sempre protagonizado pelo indestrutível Danny Trejo, que aos 70 anos ascende ao panteão dos heróis de culto, a série «Machete» é na verdade uma homenagem aos ‘drive-in movies’ do passado onde a lógica interna das narrativas estavam sempre dependentes do tamanho dos orçamentos e do talento variável da equipa e elenco. Porém aquilo que muitas vezes faltava a esses filmes – uma coesão narrativa, era quase sempre compensado por mirabolantes sequências de acção, violência primária e intrigas tão incríveis quanto rebuscadas. Robert Rodriguez é um apaixonado do género e por isso mesmo resolveu continuar o que tinha iniciado com o seu «El Mariachi» e mais tarde com «Planeta do Terror», continuando a saga de Machete, o ex-federale que neste segundo filme é incumbido pelo presidente dos EUA (o rebaptizado Charlie Estevez Sheen) de eliminar um perigoso criador e traficante de armamento que se prepara para ameaçar o mundo do espaço com uma panóplia de armas de destruição massiva. Rodriguez e a sua equipa desenvolveram esta sequela com a língua deliberadamente de fora, as piscadelas de olho, as ‘homages’, os ‘cameos’ são imensos, mas apesar de nominalmente ser um filme de acção, com muita ultra-violência e hectolitros de hemoglobina, a verdade é que no fundo Machete é uma comédia. Uma comédia sanguinolenta como os famosos cartoons dentro de um cartoon, The Adventures of Itchy & Scratchy, de «Os Simpsons». O filme vive da cumplicidade de Rodriguez com o espectador, que é aqui presenteado com todo o tipo de peripécias tão estapafúrdias como hilariantes, mas sempre pintadas a vermelho. Danny Trejo é a argamassa que une o todo, que analisado a fundo não faz muito sentido, porém o resultado final é uma fita tão orgulhosa dos seus como das suas falhas. Um projecto que só agradará aos confessos fãs deste tipo de filmes hiperbólicos. Rodriguez gostou tanto da ideia do mexicano mal humorado armado de uma faca tamanho familiar, que daqui a um par de anos teremos o 3º capítulo da trilogia: Machete Mata outra vez…no Espaço.

Título original: Machete Kills Realização: Robert Rodriguez Elenco: Danny Trejo Alexa PenaVega Mel Gibson, Jessica Alba, Michelle Rodriguez, Lady Gaga, Sofía Vergara, Amber Heard, Charlie Sheen, Antonio Banderas Duração: 107 min EUA/Rússia, 2013

[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº14, Novembro 2013]