Com «Divertida-Mente 2» (2024), respirou-se de alívio, tanto na imprensa como na bilheteira. A Pixar tinha conseguido, através dessa sequela, ressuscitar algo da integridade criativa perdida ao longo de uma sequência de filmes – «Turning Red: Estranhamente Vermelho», «Buzz Lightyear», «Elemental» – que mais pareciam produções limitadas a um caderno de encargos. «Elio» surge então, neste contexto, com o peso da responsabilidade de prolongar o efeito desse fenómeno anterior. Pergunta incontornável: conseguiu? Digamos, para já, que não descura o património dos estúdios e é uma bem-vinda animação para as famílias em tempo de férias de verão.

Sem arranhar o génio de obras como «Toy Story» ou «Coco», trata-se ainda assim de uma fantasia vagamente inspirada por essas referências e com coração francamente spielbergiano (não por acaso, o coautor de «Coco», Adrian Molina, aparece creditado como um dos três realizadores, ao lado de Domee Shi e Madeline Sharafian). Conhecemos, pois, Elio, um menino que sofre ainda a perda dos pais e, estando à guarda de uma tia solteira, demonstra sérias dificuldades em suprimir o vazio afetivo – mesmo que a tia faça tudo por ele, como abdicar de uma carreira de astronauta. E é mesmo na base militar onde ela trabalha como analista orbital que tudo começa: Elio entra ao acaso numa sala de exposições dedicada ao tema espacial e aí “descobre” uma forma de estabelecer contacto com a potencial vida inteligente fora da Terra. Enfim, já nem se trata de um desejo assente numa dúvida existencial: Elio só quer ser raptado por extraterrestres, de tão sozinho que se sente no nosso planeta.

Claro que, de alguma maneira, e em algum momento, as suas preces científicas serão atendidas, levando-o numa aventura cheia de cor, encanto, diversão e criaturas fofinhas, com lugar num planeta chamado “Comuniverso”, o qual está ameaçado por um alienígena bronco e hostil, prestes a dominá-lo pela força. Elio apresenta-se, assim, como o único ser com coragem para um ato de diplomacia… Qualquer semelhança deste argumento com a realidade não será coincidência.

Por essa via, «Elio» corria o risco de ficar demasiado preso ao jogo do “comentário da atualidade”. E, se é certo que a ação, a dada altura, se torna ligeiramente excessiva – como já é regra nas animações dos nossos dias –, o que atira o filme para uma zona feliz é a segurança do desenho das emoções, a inventividade que persiste nos detalhes, e aquela lição maravilhosa do “regresso a casa”.

TÍTULO ORIGINAL: Elio REALIZAÇÃO: Adrian Molina, Domee Shi, Madeline Sharafian ELENCO: Yonas Kibreab, Zoe Saldaña, Remy Edgerly ORIGEM: Estados Unidos DURAÇÃO: 99 min. ANO: 2025

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