O Doclisboa 2025 decorre de 16 a 26 de Outubro, nas salas que tradicionalmente acolhem o festival — Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal. Na sua 23.ª edição, o festival apresenta um total de 211 filmes provenientes de 54 países, incluindo 93 longas-metragens e 118 curtas-metragens. A programação integra ainda 39 estreias mundiais e 31 obras portuguesas, oferecendo um retrato abrangente da contemporaneidade, do ser humano e das suas múltiplas realidades e desafios. Mais de 300 convidados internacionais estarão presentes em Lisboa ao longo do festival.
A Competição Internacional reúne 12 filmes, entre os quais se destacam sete estreias mundiais, três estreias internacionais, uma estreia europeia e três primeiras obras. Por sua vez, a Competição Portuguesa contará com 12 títulos, incluindo sete estreias mundiais, uma estreia europeia e quatro estreias nacionais.
A secção Riscos continua a colocar a natureza contemporânea do cinema no centro da sua atenção, reunindo filmes produzidos entre 1896 e 2025. O programa traça uma ponte entre as primeiros experiências cinematográficas e as práticas mais contemporâneas, desde os planos luminosos e movimentos de câmara de Gabriel Veyre, operador de câmara dos irmãos Lumière, até aos novos filmes de Hassen Ferhani, Javier Rebollo, Marko Grba Singh ou Margarita Ledo Andión. A egípcia Hala Elkoussy é realizadora convidada, uma artista visual tornada cineasta cuja obra combina uma abordagem inventiva, política e poética. Os seus filmes oferecem mundos sonhados, revelando um cinema lúcido, formalmente rico e profundamente humano.
Outro destaque é Minh Quý Trương, cuja obra multifacetada reflecte a sua profunda ligação ao Vietname e ao seu povo. Tanto nas obras a solo como em colaboração com Nicolas Graux, Trương combina tradições de ficção, não-ficção, etnografia e ficção científica, construindo filmes de atenção e detalhe, onde a história, a memória e a materialidade do tempo presente se entrelaçam. O programa da secção Riscos deste ano inclui também Shadowboxing, concebido num diálogo entre a programadora associada do Doclisboa Cíntia Gil e o programador e crítico francês Jean-Pierre Rehm. Inspirado na técnica de treino de boxe inventada por George Dixon, Shadowboxing propõe um combate imaginário sem contrapartida, tomando a Palestina como horizonte e presença espiritual, moral e estética.
Mais alguns destaques da secção Heart Beat – Cast of Shadows, de Sami van Ingen, sobre Robert Joseph Flaherty; Andy Kaufman Is Me, de Clay Tweel; Barking in the Dark, de Marie Losier; Bobò, de Pippo Delbono; Paul, de Denis Cotê; Toni, Mio Padre, de Anna Negri; Megadoc, de Mike Figgis, sobre o épico Megalopolis de Francis Ford Coppola; Strange Journey: The Story of Rocky Horror, de Linus O’Brien – e uma homenagem a Robert Wilson, desaparecido este ano, com três filmes: dois seus, Stations e Video 50, e outro sobre uma produção teatral sua, Robert Wilson & the CIVIL warS, de Howard Brookner.
Agora na secção da Terra à Lua, novos destaques – Pescadores de Bubaque, de Pedro Florêncio; Contemplação Impasse Tentativa, de Welket Bungué; Aurora, de João Vieira Torres; Tales of the Wounded Land, de Abbas Fahdel; Angela’s Diaries. Two Filmmakers: Chapter Three, de Yervant Gianikian, Angela Ricci Lucchi e Tôsô de Masao Adachi.
O Doclisboa e a Cinemateca Portuguesa apresentam uma retrospectiva dedicada a William Greaves (1926–2014), pioneiro do cinema documental e experimental afro-americano, cuja obra reflecte um profundo compromisso com justiça social, memória histórica e liberdade. Co-programado pelo académico Scott MacDonald e Luís Mendonça (Cinemateca Portuguesa), o programa revelará a versatilidade de Greaves enquanto actor, realizador, produtor e editor.
A secção competitiva Verdes Anos ocupa um lugar especial na programação do Doclisboa, revelando novos talentos e nomes emergentes. A selecção reúne gestos cinematográficos que oscilam entre o íntimo e o político, onde o cinema se torna lugar de espera, de imaginação e de resistência, experimentando formas híbridas.
Destaque para o Nebulae, o espaço da indústria do Doclisboa, dedicado ao desenvolvimento do cinema independente e à promoção de novas colaborações. Através de seminários, mesas-redondas, laboratórios de desenvolvimento, apresentações de projectos, mesas-redondas, encontros entre produtores e eventos de networking, o Nebulae reúne profissionais do sector de todo o mundo. Regressa ainda o abcDoc, em parceria com o projecto educativo da Apordoc, comprometido com a promoção da educação pelo cinema, com actividades para o público infantil e juvenil, com foco principal no público escolar.