Sensível e cru, delicado mas com profundeza narrativa… «Chama-me Pelo Teu Nome» é uma obra envolvente e que não desilude. A história passa-se em Itália, em 1983, em que Elio (Timothée Chalamet), um jovem de 17 anos, começa uma relação com Oliver (Armie Hammer), o assistente de investigação do seu pai, com quem vai criando laços a partir da sua comum herança judaica e da sua sexualidade que começa a emergir.
Luca Guadagnino realiza a aobra e acerta nos detalhes e na construção da narrativa, dando destaque à construção da relação entre personagens e às suas composições individuais. A história respira e vai engrandecendo, acrescentando-se mais camadas com o avançar da ligação entre os protagonistas. A produção cénica assinada por Samuel Deshors também tem espaço para brilhar, bem como a banda-sonora, com músicas criadas especialmente por Sufjan Stevens, que atribuem uma ambiência mais cativante à obra.
Mas, claro, acaba por ser o argumento de James Ivory que se torna a estrela da obra, oferecendo-nos um romance intemporal, desgarrado de convenções. Ivory baseou-se no romance de 2007 escrito por André Aciman, a obra escolhida por Guadagnino para encerrar a sua trilogia cinematográfica chamada “Desejo”, que é composta também por «Eu Sou o Amor» (2009) e «Mergulho Profundo» (2015).
Contudo, nem mesmo um excelente argumento sobrevive sem atores à altura para interpretá-lo e, em «Chama-me Pelo Teu Nome», este aspeto é irrepreensível. Timothée Chalamet e Armie Hammer formam uma dupla cheia de química, que esbanja emoções, nem que seja, muitas vezes, através apenas de um olhar, de um toque de mãos.
Ao quebrar preconceitos e ao questionar discriminações, «Chama-me Pelo Teu Nome» transforma-se numa história de amor comovente e apaixonante, em que mais nada importa. Porque, afinal, um bom filme não precisa de muitos artifícios e esta obra mostra isso com toda a clarividência.
Título original: Call Me By Your Name Realização: Luca Guadagnino Elenco: Armie Hammer, Timothée Chalamet, Michael Stuhlbarg Duração: 132 min Itália/França/EUA/Brasil, 2017
[Texto originalmente publicado na revista Metropolis nº57, Fevereiro 2018]