«Alien: Romulus» cumpre a missão e consegue ser absolutamente aterrador na revisitação do universo Alien. A realização de Fede Alvarez conjugou outros marcos da saga que foram realizados por Scott, Cameron e Fincher, ele foi objectivo nos seus propósitos e fiel ao legado original. A imponente dimensão visual, a omnipresente orquestração musical e a representação de Cailee Spaeny e David Jonsson compõem uma sólida entrada na saga Alien com ficção, acção e terror. Em termos cronológicos, os acontecimentos deste filme situam-se entre «Alien – O 8º Passageiro» (1979) de Ridley Scott e «Aliens» (1986) de James Cameron.
O filme segue também uma matriz de rejuvenescer a saga, coloca personagens mais jovens que apelam a um público jovem. As sequências estão muito bem realizadas e embora sejam uma amplificação de temas e cenas que já vimos no passado as mesmas não deixam de ter bastante impacto, emoção e suspense.
«Alien: Romulus», em termos narrativos, inova ao progredir a mitologia da mega corporação Weyland-Yutani que teve a sua maior exposição na magnífica prequela «Prometheus» (2012). A adição da voz e da semelhança física do falecido Ian Holmes (em versão digital) conecta a história ao filme de 1979 e investe na narrativa em torno da pesquisa do xenomorfo.
Os protagonistas do filme são um grupo de jovens colonos de um planeta de mineração que procuram cápsulas de sono criogênico para fazerem o “cryosleep” numa viagem espacial rumo a outro destino. A acção «Alien: Romulus» desenrola-se numa estação espacial de investigação genética em torno da criatura alienígena – não precisamos de referir o que acontece quando se tenta interpretar o papel de Deus com um monstro letal… O que encontram na estação espacial, à deriva na órbita do seu planeta, é o terror…
A narrativa sublinha novamente o lado usurpador das grandes corporações e o desrespeito pela vida (humana e alienígena) ao tentarem criar um Ser, mas somos recordados, no clímax da obra, que um monstro será sempre um monstro…
O filme é liderado por Cailee Spaeny («Guerra Civil», «Priscilla») – uma das referências de 2024 – que contracena com David Jonsson. Interpretam, respectivamente, uma jovem que não consegue libertar-se de um vínculo laboral numa mina que só deseja a fuga para si e para o seu “irmão” sintético. Esta conexão é o coração do filme com temas sobre a relação entre humanos e máquinas na sua profundidade emocional e o realismo da mesma perante a intolerância. Os dois actores estão muito bem nos seus desempenhos. Além dos xenomorfos (dos parasitas ao alien adulto), o rosto e a voz Ian Holm, no personagem androide Rook, faz estragos e remete para o pragmatismo letal de outro sintético (Ash) interpretado por Holm em «Alien – O 8.º Passageiro» (1979).
O elemento de ficção científica é imersivo, sentimos que estamos noutro mundo, o planeta é uma base de mineração e remonta a uma atmosfera distópica que relembra os marcos de ficção de Ridley Scott. A nave espacial também tem reminiscências de outros grandes filmes do género. A orquestração de Benjamin Wallfisch é muito intensa e enfatiza o medo e o desconhecido na dimensão mais áspera da vida perante a morte. Isto aliado à imagem num ecrã IMAX e temos um bilhete garantido para uma grande experiência cinematográfica. É indiscutível que mesmo que tenhamos visto elementos deste filme noutras décadas, «Alien: Romulus» compõe da melhor forma o legado numa obra tributo que injecta novo sangue na saga Alien.
Título original: Alien: Romulus Realização: Fede Alvarez Elenco: Cailee Spaeny, David Jonsson, Archie Renaux, Isabela Merced Duração: 119 min. EUA/Reino Unido, 2024