«Rye Lane» arrisca-se a levar para casa o prémio revelação de 2023. O filme é uma estreia absolutamente prodigiosa de Raine Allen-Miller – fixem este nome. A história é simples e muito engraçada, mas as emoções são complexas e verosímeis, seja o humor, o drama e o romance, especialmente a relação central. A impulsiva Yas (Vivian Oparah) e o apático Dom (David Jonsson), recuperam à sua maneira do fim das relações com os respectivos parceiros. Eles encontram-se numa circunstância insólita, mas juntos são perfeitos um para o outro, talvez não descubram isso no momento, mas uma viagem introspectiva, divertida e romântica por South London leva-os a reflectir e a sentir as emoções que ganham vida e talvez possam mudar radicalmente a sorte de ambos. Os actores no centro deste mundo têm uma química contagiante e certamente vão abrir portas com os seus desempenhos. A produção de «Rye Lane» é riquíssima e pormenorizada, o figurino, a maquilhagem, a riqueza dos cenários. É tudo cheio de estilo, cor e sente-se o ritmo vibrante das pessoas, as ruas e os ambientes de South London – reparem no mundo em background em torno destes personagens. É um filme único e, sem querer menosprezar o magnífico trabalho de Raine Allen-Miller, traz à memória a mesma energia contagiante dos primeiros trabalhos de Spike Lee.
Título Original: Rye Lane Realização: Raine Allen-Miller Elenco: David Jonsson, Vivian Oparah, Poppy Allen-Quarmby, Simon Manyonda, Levi Roots Duração: 82 min. Reino Unido, 2023
[Texto publicado originalmente na Revista Metropolis nº94, Junho 2023]
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