“A Bela Casa do Lago” é uma edição da Devir sob a égide da etiqueta Black Label da DC Comics, uma marca que explora novelas gráficas com temas mais adultos e de vanguarda. O livro chega aos escaparates com um manancial de citações de meios prestigiados, mas uma das referências que salta à vista é a resenha de Damon Lindelof, um argumentista sobejamente apreciado pela METROPOLIS. O autor de «Perdidos» [«Lost»], «The Leftovers» ou «Prometheus» – uma das grandes entradas da saga Aliens. Segundo o press release, Damon Lindelof descreve “A Casa do Lago” como sendo “Surpreendente, aterrorizador e totalmente original”, parece-nos que as suas palavras encaixam que nem uma luva no perfil desta novela gráfica. E ao conferirmos as 160 páginas deste livro, são precisamente as produções de Lindelof e companhia, como o seu amigo J.J. Abrams (produtor, realizador e argumentista), que vêm à memória. O ambiente da história é enigmático e a linha que divide o paraíso e o inferno é ténue. O leitor vai entrando de cabeça na narrativa e vai ficando cada vez mais fascinado (e baralhado) com esta história que tem muito da abordagem fantástica de «Lost». Temos uma main story e depois uma observação atenta de cada um dos intervenientes da história. Inicialmente, poderá parecer algo confuso – por serem 10 personagens – mas, à medida que corremos para o final do livro, vamos nos apercebendo das vidas passadas de cada personagem e como estabeleceram contacto com a entidade que está no centro deste mistério.
O livro foi escrito por James Tynion IV, um autor relativamente jovem (nasceu em 1987), na casa dos trinta já tem um CV muito respeitado e considerável onde figuram vários prémios Eisner (os principais prémios da 9ª Arte nos EUA). É um autor estabelecido na DC Comics e nas produções independentes da casa. James Tynion IV trabalhou com artistas reputados como Scott Snyder e Mark Waid. Esteve ligado a reboots de sucesso como Justice League Dark, foi nomeado o argumentista principal de Batman, a joia da coroa da DC. “A Bela Casa do Lago” venceu quatro prémios Eisner, onde se inclui o Prémio de Melhor Escritor.
“A Bela Casa do Lago” foi desenhada pelo talentoso espanhol Álvaro Martinez Bueno, também colaborador regular da DC Comics. Se a história tem mistério e originalidade, o desenhador confere à palavra o fulgor visual, dando expressão narrativa fantástica, apocalíptica, mas também contemplativa.
A história envolve dez amigos que tinham o misterioso Walter como um amigo comum que vai fazer uma revelação inesperada a estes amigos. Durante muitos anos, foi questionando os amigos sobre a possibilidade do fim do mundo e o que fariam perante esta situação. Passados vários anos, dez pessoas reúnem-se numa casa paradisíaca rodeada por um lago e uma floresta. Algumas horas após o reencontro, as redes sociais disparam com vídeos e relatos do apocalipse em toda a América. Walter surge em cena, faz uma revelação espantosa e afirma que aquilo que previu está a acontecer, mas garante que os amigos estão em segurança naquele espaço e podem viver para sempre se ficarem no reduto da propriedade. A revelação despoleta vários estados de espírito e a narrativa vai escalpelizar cada um destes momentos e destas figuras no presente enigmático e as ligações emocionais no seu passado com Walter. Uns ficam em choque, outros aproveitam o momento e outros iniciam uma busca por respostas, lentamente ninguém se lembra muito bem como foi parar à casa do lago. Temos estranhas esculturas que são dedicadas a cada um dos presentes, quando tocadas dão uma real visão do apocalipse e a propriedade está rodeada por uma barreira invisível e ainda há mais mistérios para serem revelados… Esta novela gráfica é um suspense com reminiscências de outras criações que fascinam e agarram o leitor. A história está bem elaborada, a arte é eclética e adapta-se às diferentes situações emocionais da trama e dos personagens, e terminamos a leitura desta edição de luxo e ficamos ansiosos por aquilo que está por vir. O hardcover deste livro da Devir compila os primeiros seis volumes da história. Foram editados um total de 12 volumes. Ficamos à beira do abismo na procura das respostas para todos os mistérios de “A Casa do Lago”.
Depois do sucesso esmagador de Uzumaki, a DEVIR continua explorar o universo único do mestre do terror japonês Junji Ito com Soichi 01: As Ler +
Num momento em que a cultura japonesa conquista cada vez mais o público português — do mangá ao cinema de Ler +
Numa altura em que o mundo continua a confrontar-se com deslocações forçadas, discursos de intolerância e o ressurgimento de nacionalismos, Ler +
“Corpos” (Devir) é uma edição hardcover que compila a série limitada de comics editada pela extinta Vertigo que integrava o Ler +
Depois do lançamento de Três Jokers em março, e no seguimento do plano editorial anunciado para 2025, a DEVIR prossegue Ler +
