Na sangrenta Inglaterra Tudor, Katherine Parr, a sexta e última esposa do rei Henrique VIII, é nomeada regente enquanto o tirano Henrique está a combater no estrangeiro. Katherine fez tudo o que pôde para promover um novo futuro baseado nas suas crenças protestantes radicais. Quando um rei cada vez mais doente e paranoico regressa, vira a sua fúria contra os radicais, acusando a amiga de infância de Katherine de traição e queimando-a na fogueira. Horrorizada e de luto, mas forçada a negá-lo, Katherine vê-se a lutar pela sua própria sobrevivência. A conspiração reverbera pelo palácio. Todos prendem a respiração – para que a rainha cometa um deslize, para que Henrique lhe tire a cabeça como as esposas antes. Com a esperança de um futuro livre de tirania em risco, será que Katherine se submeterá ao inevitável para o bem do rei e do país?
DECLARAÇÃO DO REALIZADOR
Não podia estar mais entusiasmada por levar FIREBRAND para o ecrã e contar a história de Katherine Parr – uma mulher ferozmente brilhante, esclarecida e emancipada, em quem me inspiro profundamente. Uma mulher que tem sido largamente ignorada, ou certamente sub-representada, na história inglesa dos Tudor. Muito se sabe sobre o reinado tirânico de Henrique VIII, muito se sabe sobre o próprio Rei e sobre aqueles que pereceram às suas mãos, mas a minha atenção centrou-se numa mulher que não só conseguiu sobreviver, como também prosperar e conquistar.
FIREBRAND é uma oportunidade de apresentar a um público mais vasto, o retrato comovente de uma personagem única na história, surpreendentemente intocada no grande ecrã até agora. A história segue os últimos meses de sobrevivência de Katherine Parr como Rainha de Inglaterra e, consequentemente, os últimos meses da vida de Henrique VIII como Rei. Katherine Parr foi uma mulher que ousou sonhar no meio do pesadelo de uma relação abusiva em decadência, uma pessoa que audaciosamente desejou um novo futuro para o seu próprio país num mundo onde ser mulher era apenas uma realidade acessória à dominação masculina. Uma rainha que não respeitou o que o seu papel lhe prescrevia: ou submissa ou brutalmente assassinada.
Para mim, trata-se de uma reimaginação de um filme de “época”, mais próximo de um filme de terror psicológico ou de um thriller político – um enredo passado na supersticiosa e sanguinária Inglaterra Tudor, mergulhado nos horrores quotidianos da corte e na realidade de sobreviver a um tirano. Tal como Katherine se atreveu a imaginar a sua própria ideia de nação, eu atrevi-me a imaginar os relevos e os sabores desta Inglaterra medieval e pré-imperial. Imaginei uma natureza invasiva e brutal, tão ameaçadoramente misteriosa como os jogos de poder e as conspirações que habitam os corredores gelados dos palácios. O sussurro do vento mistura-se com os gritos de dor, desespero e esperança das personagens. O peso do não dito, a força avassaladora da sobrevivência, o desconforto dos corpos presos no peso das vestes reais. O espanto do poder misturado com o frio inevitável de Inglaterra. Algo denso, intenso, como o peso da matéria.
Com FIREBRAND, quis trazer para o ecrã o calor dos corpos ameaçados, o pulsar dos seus corações, o vapor das suas respirações, o controlo aparente de vidas que estão em constante ameaça. Vi o ouro, a postura e a violência. Imaginei uma ópera fatale, um jogo de vida ou morte, um filme com cores saturadas, carmesim profundo e azul – uma história de personagens que habitam o vento brutal do inverno e os céus prateados do Norte.
KARIM AÏNOUZ
ESTREIA NOS CINEMAS A 24 DE OUTUBRO 2024