Aquele que parece ser o filme mais simples de Lynch é talvez o mais complexo, dada a sua natureza humana realista.
Aos 79 anos, Richard Farnsworth, antigo duplo de cinema, tornou-se o ator mais velho a ser nomeado para Óscar de Melhor Ator (que perdeu para Kevin Spacey em «Beleza Americana»), precisamente pela forma natural como interpreta esta história baseada em factos verídicos. A premissa de «Uma História Simples» apresenta-nos Alvin, um ex-combatente que descobre que o irmão com quem não fala há 10 dez anos sofreu um enfarte e decide ir visitá-lo, fazendo mais de 500 km num pequeno cortador de relva e um atrelado. Mas esta não é apenas uma viagem geográfica, insólita pelo meio que escolheu para viajar. Esta é a viagem de Alvin à sua própria história. David Lynch deixa de lado o seu cunho mais estranho para nos oferecer um dos seus filmes mais bonitos, íntimos e humanos. No final, estamos
todos em viagem, prontos a fazer a diferença na vida daqueles com quem nos cruzamos, na altura que é sempre a certa e a que faz sentido. O toque de mestre é, mais uma vez, a sua parceria com o compositor Angelo Badalamenti, da qual resulta uma das bandas sonoras mais mágicas da História do cinema.
