Um pequeno grande prodígio de subtileza de escrita, inteligência dramática e implacável humor. David Mamet mergulha no labirinto de peripécias e afectos de uma equipa de cinema e, para além das aparências, está o que sempre está no seu cinema (e no seu teatro). Ou seja: relações de poder.
Pormenor a ter em conta: é um filme, quase todo ele, em planos médios. Que é como quem diz: trata-se de observar a dinâmica interior de um grupo e também os constantes acertos de poderes e influências que nele se estabelecem.

Será preciso acrescentar que, filmados por Mamet, os actores soam diferente de qualquer outro contexto? E soam a quê? Como se fossem citações perversas da própria imaginação que lhes dá corpo e palavra(s).
No seu ar ligeiro, esta é uma comédia implacavelmente grave. Como todas as grandes comédias, não?
[Crítica originalmente publicada a 16 de Fevereiro de 2001, no site Cinema2000]
Realizador: David Mamet Intérpretes: Alec Baldwin, Charles Durning, Clark Gregg, Philip Seymour Hoffman, Sarah Jessica Parker, William H. Macy, Rebecca Pidgeon EUA/França, 2000

