«Robusto» foca-se na história de Georges, antiga estrela de cinema agora com menor fama, que conhece Aïssa, guarda-costas substituta do seu braço direito que precisa ausentar-se por algumas semanas. A partir daqui, cresce a ligação entre a jovem agente de segurança e o ator, que sofre com a solidão e não consegue encaixar uma forma de se encaixar na sua vida atual e no seu núcleo de relações.
A fórmula de uma amizade improvável não é, de todo, nova e, neste caso, «Robusto» acaba por não acrescentar muito. Contudo, a cineasta francesa Constance Meyer mostra potencial na sua primeira longa-metragem, ao assinar a realização e argumento de uma obra que vai construindo de uma forma sensível e cuidada.
A solidão e o sofrimento provocado pelo isolamento ditam o tom de «Robusto», em várias vertentes e não apenas pelo prisma de Georges, o que enriquece a história. Aïssa não é uma personagem vazia e mero apoio de Georges, tendo as suas questões internas também por resolver, não só em relação aos outros, mas consigo própria.
Gérard Depardieu tem um papel à altura do seu talento e não desperdiça o momento, atribuindo grande personalidade ao seu complexo personagem. Déborah Lukumuena, a atriz com quem divide a cena, consegue também bons momentos aliando-se à química com o veteraníssimo ator francês.
A partir de uma fórmula pouco invulgar, mas com recurso a alguns momentos divertidos e de melancolia, «Robusto» traz uma amizade improvável, muito bem interpretada pelos atores que dão vida aos personagens principais. Todavia, não consegue escapar a alguma previsibilidade e não agarra verdadeiramente a emoção, mantendo-se sempre à tona do que poderia, na verdade, ser.
Título original: Babylon Realização: Constance Meyer Elenco: Gérard Depardieu, Déborah Lukumuena, Lucas Mortier Duração: 95 min. França, 2021
[Texto originalmente publicado na Revista Metropolis nº89, Janeiro 2023]
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