Eis uma imagem, ou melhor, um conjunto de três imagens a que não podemos deixar de reconhecer um certo tom de modernidade. Com um pequeno detalhe que importa esclarecer: estamos perante uma experiência que Abel Gance (1889-1981) realizou em 1956, dando-lhe o nome de «Magirama» — e vai ficar como o momento mais emblemático dos “Cannes Classics” 2025. Gance já tinha sido homenageado com um acontecimento muito especial, em 2024, quando o festival deu a conhecer a cópia restaurada do seu monumental «Napoleão» (1927). Agora, foi possível descobrir este projecto que, pura e simplesmente, há muito desaparecera de circulação. Digamos que não se trata de um filme, mas de um objecto cinematográfico que explora as relações que podem nascer da conjugação de três imagens, projectadas como se fossem um ecrã de CinemaScope… mais ainda mais largo! Ou também um ecrã de Cinerama, já que esse formato (efémero) tem a sua história ligada à mesma época. O resultado tem tanto de cinema como de instalação de artes plásticas, pode ser visto como um épico de grande ecrã ou, apetece dizer, um teledisco da MTV. Como se prova, o risco experimental e a ousadia criativa não dependem do calendário: 1956 é o novo 2025!
