A vida de Lorna é um poço sem fundo, uma emigrante albanesa que faz pela vida na Bélgica, envolvida até aos cabelos nos meandros de uma rede de tráfico humano. Os personagens continuam a ocupar papel central das produções Dardene, a realização de câmara ao ombro parece menos intensa, Jérémie Renier, a coqueluche dos realizadores, está num belo desempenho entre a dependência do amor e das drogas, igual relevo para a espantosa e última descoberta dos realizadores belgas, Arta Dobroshi, natural de Pristina, tinha participado apenas em dois filmes albaneses, no papel de Lorna imprime a dualidade sentimental e sente-se que está a ser consumida a cada minuto pelo remorso das suas acções. Os irmãos Dardene atingem uma sofisticação desconcertante em «O Silêncio de Lorna», permanecem viscerais e eficazes no desmembramento cinematográfico das relações humanas, especialistas nas desintegrações afectivas, não se interessam apenas pela mecânica do evento exploraram, sim, o impacto destes, sobre os personagens.

Título Original: Le silence de Lorna Realização: Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne Elenco: Arta Dobroshi, Jérémie Renier, Fabrizio Rongione Duração: 105 min. Bélgica/França/Itália/Alemanha, 2008

[Texto publicado originalmente na Revista Premiere, Maio 2009]