«Indiana Jones e o Marcador do Destino» é uma aventura memorável que encanta os fãs de todas as idades e certamente vai conquistar mais uma geração de ávidos entusiastas desta saga.
Apesar dos seus 80 anos, Harrison Ford prova que ainda está muito bem e pronto para as curvas. Ele utiliza a idade como mais uma ferramenta no seu arsenal de actor, feito para entreter. Ao seu lado está a electrizante e multifacetada Phoebe Waller-Bridge, com o papel de afilhada de Indy, Helena Shaw aka Vombate. Ela surge para resolver, e talvez lucrar, com o mistério no centro deste filme, algo que enlouqueceu o seu pai, Basil Shaw (Toby Jones), um velho amigo do Dr. Jones. O vilão da história também tem gabarito, cabendo a Mads Mikelsen a interpretação do papel do cientista nazi que ajudou o programa espacial norte-americano na década de 1960. Agora ele deseja apoderar-se de uma relíquia de Arquimedes e com isso adquirir o poder de alterar o passado. Apesar de ser uma aventura com muitos actores, o foco recaiu quase na totalidade em Harrison Ford e Phoebe Waller-Bridge que elevam bem alto a bandeira da aventura. Ambos estabeleceram uma química perfeita entre os seus personagens sempre com aquela dinâmica de comportamento às avessas para fazer rir mas também surpreender os espectadores.
O realizador, James Mangold («Logan», «Copland»), soube condimentar perfeitamente a acção, a história e as vicissitudes dos personagens principais, Indy e Helena, que não se perdem no constante corrupio do filme. A obra criou espaços narrativos e contemplou ilações sobre o peso e o custo de um passado de aventura na vida privada de Indy e o ceptiscismo de Helena dividida entre a História, o sentimento e o vil metal no lirismo de ser aventureira. É um filme muito seguro e estoico na sua expressão dramática, no equilíbrio entre a aventura e o carácter dos heróis.
A trama tem belos momentos de acção, invariavelmente pontuados com humor e peripécias, com Indiana Jones e companhia a trocar as voltas aos nazis – o ódio de estimação do nosso herói. A sequência de abertura limpa todas as teias de aranha da engrenagem (é um início fantástico), a partir daí o filme não olha mais para trás (apesar do salto temporal do final da 2.ª Guerra Mundial para os anos 1960), o herói envelhece mas rapidamente deixa cair a ferrugem e o filme torna-se cada vez melhor, a cada segundo, seja na terra, no ar ou no mar. É curioso, numa era de efeitos especiais, que os stunts do filme sejam baseados no melhor do passado da saga com as perseguições alucinantes, as pistas para desvendar os enigmas e o suspense das explorações de tesouros ocultos.
O maior aventureiro da história do cinema regressa em grande ao cinema, «Indiana Jones e o Marcador do Destino» é uma aventura magnífica. O filme ficará marcado pelo enorme talento de Phoebe Waller-Bridge e um Harrison Ford que deixa muitas saudades na hora da despedida de um herói imortal.
Título Original: Indiana Jones and the Dial of Destiny Realização: James Mangold Elenco: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Mads Mikkelsen, Boyd Holbrook, Karen Allen, Antonio Banderas, John Rhys-Davies, Toby Jones Duração: 154 min. EUA, 2023
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