Joshua Oppenheimer (O Acto de Matar) estreia-se na ficção com uma obra musical protagonizada por Tilda Swinton, Michael Shannon e George MacKay, que competiu pela Concha de Ouro no último Festival de San Sebastián.

The End chega à Filmin na quinta-feira, 23 de outubro. O novo filme de Joshua Oppenheimer, realizador duas vezes nomeado para o Óscar por O Acto de Matar (2014) e O Olhar do Silêncio (2016), marca a sua estreia na ficção com um ambicioso musical pós-apocalíptico. 

O filme, protagonizado por Tilda Swinton, Michael Shannon, George MacKay e Moses Ingram, conta a história de uma família abastada que vive num luxuoso bunker subterrâneo, duas décadas após o fim do mundo. Quando uma jovem desconhecida aparece à porta do refúgio, a aparente harmonia familiar é posta em causa, obrigando o filho de 20 anos — que nunca conheceu o mundo exterior — a questionar a sua existência aparentemente perfeita.

Protagonizada por um elenco de luxo, esta primeira obra de ficção de Joshua Oppenheimer lembra um La La Land apocalíptico em que, enquanto o mundo acaba, aqueles que se conseguiram salvar – os ricos – passam o tempo entre canções da Broadway e os dois sentimentos mais inescapáveis: o amor e a tristeza.

O realizador explica que esta aparente mudança de rumo responde, na verdade, a uma continuidade temática profunda: explorar a forma como os seres humanos constroem narrativas para fugir à culpa e ao autoengano. O projeto nasceu quando Oppenheimer, impedido de regressar à Indonésia por motivos de segurança, começou a imaginar como viveriam os magnatas responsáveis por grandes crimes, refugiados num bunker após o apocalipse.

Conheci uma família em particular, magnatas do petróleo, com enorme influência política e responsáveis por crimes violentos, que procurava comprar um bunker de luxo, recorda o realizador.

A inspiração definitiva surgiu após visitar esse bunker e, em paralelo, rever Os Guarda-Chuvas de Cherburgo, de Jacques Demy. Oppenheimer percebeu então que o género musical seria o veículo ideal para explorar o autoengano coletivo: O musical é o género das falsas esperanças, do otimismo infundado, do delírio disfarçado sob uma camada de sentimentalismo… é um género sobre a forma como contamos histórias para nos escondermos de nós próprios.

Treze canções para o apocalipse

The End inclui 13 canções originais compostas por Josh Schmidt, reconhecido compositor com mais de 250 créditos em produções da Broadway e Off-Broadway, em colaboração com Oppenheimer como letrista. O processo criativo decorreu ao longo de oito meses de trabalho conjunto: Eu escrevia um excerto da letra e, não sei bem como, ele voltava poucas horas depois com uma peça musical complexa e belíssima, explica Oppenheimer.

Marius de Vries, produtor musical de La La Land, Moulin Rouge e Annette, atuou como produtor executivo musical. A força emocional da banda sonora reside na sua contradição essencial: criar beleza para narrar a devastação. A música tinha de ser comovente, cativante e serena mesmo que tudo fosse mentira, afirma Oppenheimer. 

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