Page 107 - Revista Metropolis nº122
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filmar e a realizar eu mesmo. Quando o
Baz Luhrmann fez o «Romeu + Julieta»
fiz um vídeo musical que era uma espé-
cie de spin-off desse álbum, na Austrália.
Quando saí da escola de cinema estava
muito interessado em música e em fo-
tografia para cinema. Música e cinema é
uma união perfeita. Criam-se imagens e
depois os sons e as músicas vêm juntar-
-se-lhes. Quando saí da escola de cine-
ma filmei e dirigi vários vídeos musicais.
Só depois é que me comecei a concen-
trar apenas no cinema.
Vários diretores de fotografia, como
Jan de Bont, Barry Sonnenfeld ou
Haskell Wexler passaram para a rea-
lização. Tem planos para realizar uma
longa-metragem?
Dion Beebe: Na realidade, não. Já fui
abordado várias vezes para realizar um
filme, mas teria de ser algo de muito pes-
soal e significativo para mim para aceitar
esse papel. Se o fizesse, a minha vida te-
ria toda uma outra prioridade. Também
trabalho muito com a minha mulher, a
Unjoo Moon, que é realizadora. Desen-
volvemos juntos vários projetos, que ela
realiza. Juntos, fazemos os filmes dela.
Por vezes é difícil montar um projeto,
mas é ótimo trabalharmos dessa manei-
ra.
O início da sua carreira coincidiu com
a época de ouro do cinema australia-
no, com filmes em vários festivais e a
e com Beyoncé. Como é que elas se para fazer esse tipo de produções… estrearem em todo o mundo. Mas aos
comportam no estúdio? Dion Beebe: É diferente de fazer um poucos foi perdendo importância no
Dion Beebe: A Rihanna e a Beyoncé são filme, porque uma estrela de cinema contexto internacional…
super estrelas porque trabalham imen- está a representar um papel diferente Dion Beebe: O cinema funciona por va-
so para isso. São muito focadas no que do seu. Num vídeo musical, a Beyoncé gas, em função das formas de apoio ao
fazem. Não se pode chegar ao que elas e a Rihanna são elas próprias. Claro que cinema. A Austrália tem uma pequena
atingiram no mundo da cultura popular também estão a representar um papel, indústria de cinema, que depende do
sem um grande foco e sem muito tra- mas é mesmo assim a imagem delas. apoio do governo, como acontece com
balho. Pode ter-se um imenso talento, Para um realizador ou para um diretor todos os pequenos países. Quando pen-
e claro que essas duas mulheres o têm, de fotografia a responsabilidade é enor- samos em realizadores como Peter Weir,
mas sem o nível de trabalho delas, nun- me, porque sabemos que elas não estão Jane Campion, mesmo sendo neozelan-
ca seriam quem são hoje. Trabalhar com ali apenas a representar um papel. É a desa, Fred Schepisi, George Miller, todos
elas é um grande prazer, porque com- personalidade delas que está ali. Mas é eles beneficiaram do nosso sistema de
preendem perfeitamente que filmar um sempre divertido trabalhar em vídeos apoio ao cinema. Foi necessário para
vídeo musical é importante para as car- musicais com artistas deste calibre. que a nossa pequena indústria encon-
reiras delas. trasse a sua voz. Espero que o governo
Há muitos anos também realizou um australiano continue a apoiar o seu ci-
E deve ser um grande desafio para a vídeo musical, com a Des’ree… nema e acho que a situação está a me-
equipa, com o pouco tempo que têm Dion Beebe: Há muitos anos comecei a lhorar.